Calúnia

João Carlos Ramos

A calúnia é ato de caluniar, ou seja, acusar falsamente a outrem. Há três crimes contra a honra: difamação, injúria e calúnia. O artigo 138 do Código Penal criminaliza o ato de caluniar. Arma predileta dos desalmados, principalmente os invejosos. "Quando os diabos querem dar corpo aos mais nefandos crimes, celestial aparência emprestam" (Otelo – Shakespeare, ato II, cena III). Sabemos que, no referido drama, Iago se apaixona por Desdêmona, esposa de Otelo.

Usando o maior potencial bélico do inferno, ele decide criar uma rede de intrigas, envolvendo o tenente Cássio em um triângulo amoroso, totalmente falso, a fim de incitar Otelo ao ciúme e consequente ao assassinato de Desdêmona. Fofocando e deslocando um lenço, pertencente a Otelo, "provou" a suposta traição.

Restou a Otelo somente o suicídio, ao descobrir a farsa. Iago, o caluniador, foi apenas preso... Por incrível que pareça, a calúnia é mais comum do que se imagina no mundo atual. O crudelíssimo sentimento da inveja é a tristeza por causa da alegria dos outros. Assim sendo, a coruja dá à luz seus filhotes, normalmente no anoitecer... Faltando luz para o discernimento, o invejoso se enfurece e odeia o objeto, condutor de seu desejo e planeja sua derrota iminente...

A evolução maligna chega ao pináculo, que é a Calúnia. Nas crônicas policiais, vemos até registros de suicidas, deixando "provas" falsas para incriminar pessoas odiadas por causa de paixões não comprometidas. A famosa escritora Agatha Christie (15 set. 1890 - 12 de jan. 1976) criou centenas de formas de matar, em suas dezenas de livros publicados, envolvendo, obviamente, a calúnia. Segundo o Guiness Book, suas obras venderam 4 bilhões de cópias. A Bíblia registra inúmeros casos de caluniadores. Nos meios políticos, principalmente em ano eleitoral, a calúnia é prato predileto de entrada. Empresas, igrejas, famílias e demais grupos sociais não estão isentos desse ácido venenoso e suas funestas consequências. Impossibilitados de se defenderem contra arma tão poderosa, as pessoas de bem devem ser prudentes e sempre vigilantes.

Convites, presentes e sorrisos, previamente arquitetados, devem ser analisados, antes do romper da alva, sabendo que "a mão que afaga é a mesma que apedreja – Augusto dos Anjos".

Que Deus abençoe os inocentes!

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