Calorão

E ele chegou, mostrando que será mais marcante e com certeza pegando fogo, que venha o verão.

Outro dia me peguei sendo questionado pelo meu Nasser sobre como eram antigamente os nossos verões. De cara, comecei a pensar que hoje temos os deliciosos ares-condicionados, os nebulizadores e umidificadores de ar, que ajudam muito.

Interessante que quando não se conhece não se sente falta e, partindo disso, comecei a lembrar de como fazíamos.

Na nossa infância, quem tinha ventilador era muito rico. Lembro que na casa da minha avó tinha um todo bonitão, que ficava coberto com uma fronha em cima do guarda-roupa. Nunca o vi funcionando, acho que era para não estragar. Sou da época que, quando você pegava alguma coisa, sempre tinha aquele que falava: cuidado para não estragar.

Lembro-me que o primeiro ar-condicionado que vi foi na casa do tio Adib. Ficava no quarto dele e a turma nem chegava perto. Sei que fazia um barulhão, e acho que também era pouco usado, pois não deixava a turma dormir.

Também lembro-me sempre das piscinas da minha vida, começando pela famosa bacia de alumínio enorme, para mim, quando criança, que quando você encostava a bunda no fundo arrepiava com o gelado. Em dias de calor, ela era colocada no quintal e a brincadeira pegava fogo. Havia também os tanques da vizinhança, o da Dona Celuta era enorme, dava até para pular.

Como não lembrar da piscina do sitio do Tio Adib? Era de cimento natado, a água ficava escura e a gente achava o máximo, de vez em quando ralava os dedos no fundo. Depois, veio a época da natação no DTC. Para mim, era um verdadeiro mar, enorme, com uns grandes cuspidores nas bordas. Como tinha barata d’água naquela piscina, mas, deixei de saber, viramos peixinhos do Sargento com muito orgulho.

Existia também o lado pitoresco da piscina da Dona Maria na rua São Paulo. Tínhamos uns amigos que não eram sócios dos clubes, e ali era só pagar para aproveitar. O mais engraçado era que tinha tempo marcado e, quando ia acabando, já escutava Dona Maria chamando: “Tá na hora de sair, casca fora sem demora que tem outra turma chegando”. E tinha mesmo! A fila dava volta.

Existiam também as piscinas do Estrela, que, na época, eram só duas: uma de criança e a outra grande, todo torta, o fundo ficava no meio, com um tobagã  que dava fila na época do verão. Era tanta gente que você tinha que pedir licença para pular.

E assim a gente ia refrescando... A vida era mais simples e deliciosamente interessante.

E eu continuo aqui, na Tok do Chef, ajudando a turma a realizar sonhos.

                 

            

         

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