Café e pão

Ontem, foi o dia oficial em que os poderes Executivo e Legislativo voltaram a trabalhar. Alguns dizem, ainda, que o ano começou oficialmente só na quarta-feira, 6, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), não perdeu tempo e postou cedo em suas redes sociais, usando a #voltei, que estava no “batente”. E, se nas redes sociais tudo é lindo, maravilhoso, nos bastidores dos poderes as coisas andam muito tensas. O líder do bloco governista, deputado estadual Gustavo Valadares (PSDB), reclamou da distância do governador com os parlamentares e cobrou uma aproximação. Enquanto Zema toma seu pão, bebe seu café e posta nas redes sociais, os deputados cobram uma interlocução do governo, pois, segundo eles, há um abismo entre Executivo e Legislativo Estadual.

É verdade que os três poderes – Judiciário, Legislativo e Executivo – são independentes. É verdade também que têm de ser harmônicos e andar de mãos dadas com um só propósito: trabalhar em prol do povo. Mas a que ponto tal harmonia é benéfica para a população? Há de se questionar isso. Nos bastidores, os deputados cobram mais celeridade nas nomeações dos indicados nas superintendências regionais de Educação.  Por um lado, o governador insiste em tocar o Estado como uma empresa privada, propondo que seja feito processo seletivo em maio, para a escolha dos nomes. Por outro, os deputados alegam que o tempo é tardio para as nomeações. E o cabo de guerra continua.

Zema insiste em se manter no papel de empresário, e os deputados perdidos como “cego em tiroteio”. Enquanto os deputados cobram mais explicações, o governador se mantém distante. É fato que nenhum governo administra sem uma base no Legislativo, e como se Minas já não tivesse problemas suficientes, agora a política patina no Estado. O líder do bloco governista acredita que a relação irá melhorar nas próximas semanas, com as reuniões que estão agendadas. Mas, quem quer arriscar uma aproximação com um governador que se mantém isolado? Que governa de seu palácio como a “Rainha de Copas”?

Nunca antes na história do Brasil os políticos “patinaram” tanto. Preocupados apenas em se manter no poder e em “agradar” o eleitorado, eles criaram personagens, e muitas vezes deixam de lado articulações importantes que podem beneficiar o povo. É certo que a política brasileira precisa de uma reforma, mas não uma reforma apenas para “inglês ver”. A harmonia é necessária até determinado ponto. E o desprezo, em nome de uma “nova política”, de um “novo modo de governar”, pode levar a atitudes patéticas. Afinal, uma coisa é a iniciativa privada, outra coisa é a iniciativa pública.

Comer pão e beber café todo o eleitorado quer, é verdade. Mas quer também um trabalho harmônico que traga benefícios para o povo. Não um trabalho lindo de ser ver nas redes sociais e que não traga resultado nenhum. Post de rede social não faz articulação, não traz proximidade e não faz explicação para parlamentares. Minas precisa de gente que trabalhe de verdade, porque de teatro os eleitores já estão cansados. E só volta em 2021 quem trabalhar.

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