Bens e serviços

Adriana Ferreira

Até a década de 1990, Divinópolis era cidade de produção de bens. Embora já existissem três faculdades –Faculdade de Direito do Oeste de Minas (Fadom), Faculdade de Ciências Econômicas de Divinópolis (Faced) e o Instituto de Ensino Superior e Pesquisa (Inesp) – e já atraíssem estudantes de outras localidades, essas não faziam com que Divinópolis fosse conhecida como cidade universitária.

Na década de 2000, a cidade deixou de ser referência como produtora de bens, já não mais era citada como polo industrial e da moda e o desemprego se fez presente. No governo Lula (PT) foi criado o Campus Dona Lindu – ainda há de se chamar Campus Maria Helena Alvim – da Universidade Federal de São João Del Rey (UFSJ), oferecendo inclusive o curso de medicina e nesse boom de faculdades e universidades, ainda temos o CEFET, o Pitágoras que incorporou a Fadom, a Unifenas, a UNA que após dois anos adquiriu a Faced, o Inesp se tornou Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) e o Pitágoras – grupo Kroton – que incorporou Fadom. Assim houve um aumento considerável do portfólio de cursos universitários ofertados na cidade. Além disso, vários cursos tecnólogo foram criados. Com isso, mais e mais estudantes vieram para cá, atrás do sonho do diploma universitário. Divinópolis passou a ter ares de cidade universitária.

Economia I

Nas redes sociais, vemos as pessoas reclamarem que Divinópolis não atrai grandes empresas. Isso não é verdade! As empresas de prestação de serviços educacionais que desembarcaram na cidade nos últimos anos são grandes grupos empresariais. Porém, o mercado de bens e não o de serviços é que emprega a massa: composta por pessoas com ensino básico ou mesmo analfabeta.  Uma empresa de bens, que gera 300 vagas de emprego, terá no máximo 20 pessoas com curso superior ou técnico e 280 vagas para quem não tem escolaridade sequer de segundo grau ou até mesmo o ensino básico completo. Há vagas até para analfabetos. No mercado de serviços, em 300 vagas, 280 serão para curso superior, pós-graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado e somente 20 vagas para aqueles que possuem ensino básico e dificilmente para analfabetos. O que ocorre é que as vagas geradas estão muito acima do grau de instrução exigido.

Economia II

Assim, embora grandes grupos tenham vindo para a cidade, não geraram vagas significativas para a cidade operária, pouca diferença fazendo na questão do desemprego. Embora tenham atraído milhares de estudantes de outras localidades, tem-se que a grande maioria só movimente dois mercados: entretenimento (leia-se butecos) e locação de imóveis.  No mais, praticamente trazem tudo de suas cidades de origem. 

É preciso que as autoridades municipais atentem que Divinópolis ainda é cidade operária e depende do mercado de bens para solucionar a questão do desemprego e deveria haver união de esforços – Executivo e Legislativo – e povo, claro, para atrair empresas para a cidade. O que se tem é que as empresas estão deixando-nos para as cidades vizinhas e como já disse antes: se um dia Divinópolis se tornou metrópole, tornando a cidade-mãe, Itapecerica, sua dependente, se continuar assim, fará o caminho de volta, virando novamente Distrito do Município de Itapecerica. Prefeito para isso a histórica cidade tem! O mesmo digo de Carmo do Cajuru. Despertemos enquanto há tempo!

Carlos Sátiro

O rabino Carlos Sátiro tem estado à frente da Associação Comunitária de Aproveitamento de Mão de Obra e Aprendizagem de Divinópolis (Acamoad) há três anos.  Neste período, mesmo sem verbas dos poderes públicos, embora reconhecida como de utilidade pública tanto pelo Executivo Municipal quanto pelo Estadual – este através de ato do governador Romeu Zema (Novo) no dia 16 último –, o rabino Carlos Sátiro tem conseguido capacitar pessoas para empregos imediatos, inclusive mantendo a maior relação de empregos de Divinópolis e região. Através do endereço www.facebook.com/acamoad é possível se inteirar das vagas ofertadas. Há ainda um programa para capacitação da mulher que não pode sair para trabalhar fora por alguma razão. Para essas são ofertados cursos de manicure, depilação, design de sobrancelhas e depilação.  Vale dizer que muitos cursos são gratuitos, oferecidos por voluntários.  E pensar que dizem que uma andorinha só não faz verão. Imagine agora o que poderiam fazer o Executivo e o Legislativo se unissem forças em prol da cidade que prometeram zelar, proteger e fazer crescer? 2020 está chegando!

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