Barragem do Centro-Oeste também corre risco de rompimento
Maria Tereza Oliveira
Após o desastre em Brumadinho e o alarme indicando o risco eminente de rompimento de uma barragem em Itatiaiuçu, várias cidades acionaram o sinal amarelo. Uma em particular, impacta diretamente na vida dos divinopolitanos.
Logo que o rompimento em Brumadinho tomou conta das notícias, a barragem de Gegraf, em Itapecerica, virou tema de conversas apreensivas na região. Isso porque a barragem figurou na lista das barragens em risco de rompimento da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) divulgado no ano passado.
80% de Divinópolis é abastecida pelo rio Itapecerica, que nasce na cidade de mesmo nome. Se levar o retrospecto dos últimos desastres em consideração, cujos rios das cidades onde ocorreram os rompimentos morreram, a preocupação com a situação aumenta.
Eletro Manganês S.A.
Assim que a preocupação com a barragem se popularizou, a Eletro Manganês S.A., responsável pela Gegraf, soltou em um comunicado.
De acordo com a empresa, os números da pesquisa estão desatualizados. A Eletro Manganês também afirma que nos estudos da Feam que serão divulgados neste ano, a Gegraf não faz mais parte das barragens ameaçadas.
A empresa também salienta que a estrutura trata-se de um reservatório de água e não de rejeitos.
Todavia, a barragem do Feijão também não figurava na lista das barragens perigosas.
Divinópolis
A reportagem entrou em contato com os vereadores que fazem parte da Comissão Parlamentar do Meio Ambiente na Câmara.
Dr. Delano (MDB) informou que a responsabilidade das autoridades municipais e estaduais são altas.
— Ao analisar a possibilidade de rompimento da barragem Gegraf, e comparando com a “cumplicidade” das autoridades responsáveis pelo alvará de funcionamento destas, todo cuidado é pouco — opinou.
Para ele, se a empresa tem um alvará de funcionamento é porque passou pelo poder público.
— O que mais impressiona é o fato de quem sem esses alvarás não poderiam estar funcionando, mas com eles, parece que piorou. No Brasil, só depois das desgraças acontecidas é que a gente leva em conta o que poderia ter sido feito para evitar — criticou.
Ele também reclamou da impunidade.
— Aconteceram tragédias horrorosas nos últimos tempos, em relação ao meio ambiente. Como faço parte da comissão, percebo que muitas vezes, as pessoas não se dão conta de que isso é a natureza reagindo — salientou.
Preocupação antiga
O pesadelo com barragens em Minas já é antigo. Desde 2015, quando a barragem “Fundão” destruiu Mariana, os mineiros viviam com medo da tragédia se repetir, e, como de fato aconteceu. O rompimento da barragem do “Feijão”, no último dia 25, deixou 165 mortes confirmadas em Brumadinho.
Mariana é dona do maior desastre industrial que causou o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos. A lama chegou ao rio Doce que abrange 230 municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Ambientalistas acreditavam ser incerta a possibilidade de se recuperar o rio. 19 pessoas morreram.
O rompimento em Brumadinho também deixou um rio morto. A confirmação da morte de rio Paraopeba foi feita por integrantes da Fundação SOS Mata Atlântica. A contaminação do rio por metais pesados também foi confirmada por análises feitas pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM). O Paraopeba tem extensão de 510 km e abrange 35 municípios. Até o momento, são 165 mortes registradas, mas o Corpo de Bombeiros ainda continua as buscas.