Avaliação afirma que curva da covid-19 é “claramente descendente”; Prefeitura desmente

Matheus Augusto

Os números diários sobre a situação de Divinópolis diante do novo coronavírus (covid-19) é observada com atenção não somente pelas autoridades de Saúde, mas também pelos empresários. Esta é a segunda semana desde que a Prefeitura autorizou a reabertura parcial dos estabelecimentos na cidade. Com o intuito de analisar o impacto desta decisão, o Instituto de Pesquisa Censuk publicou uma análise estatística sobre os dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa).

A avaliação tem como base o período de isolamento total (1° de abril até 26 de abril) e o período de isolamento parcial (27 de abril até 5 de maio).

— Destes dados, podemos depreender que no período de 22 dias entre 01/04 e 23/04, enquanto o comércio de Divinópolis estava totalmente desativado, a média diária de novas notificações estabeleceu-se na marca de 27 notificações/dia, enquanto que a média de confirmações diárias ficou em 2,1. Já no período de oito dias em que o comércio divinopolitano funcionou parcialmente, a média diária de notificações ficou em 12,2, menos da metade da média do período anterior, e a média diária de confirmações subiu para 2,4, mostrando um crescimento de apenas 0,3 novas confirmações diárias entre um período e outro — aponta o instituto.

Após a análise do número de casos notificados e confirmados na cidade, a empresa afirma que “os dados não apontam para uma tendência de crescimento de contaminação da população após a abertura parcial do comércio em Divinópolis”.

— Ao contrário, os dois gráficos anteriores mostram que entre os dias 23 e 24 de abril atingimos um pico, e a curva passou a ser claramente descendente a partir do dia 25 de abril, mantendo-se abaixo dos valores pregressos — destaca.

Por fim, o instituto ressalta que o período de volta gradual à normalidade ainda não é o suficiente para uma avaliação ideal. 

— É correto afirmar que o período de funcionamento parcial do comércio ainda é bastante curto, de apenas oito dias nesta nossa análise, porém esses dados não apontam para uma clara tendência de crescimento do contágio na população. Se esse curto período não se mostra suficiente para definir uma clara tendência de queda das projeções, também não apontam na direção contrária, sendo, então, muito mais prudente que essas análises se prolonguem e sejam acompanhadas para que se baseie uma decisão em projeções que possam apontar as tendências com mais segurança — finaliza.

Prefeitura

Após a divulgação do estudo, a Prefeitura se manifestou na tarde desta sexta-feira. Em nota à imprensa, o secretário de Saúde, Amarildo Sousa, pontuou que a interpretação apenas dos números despreza outras variáveis, consideradas “elementos-chave” para avaliação do cenário. Ele também reforçou que não é possível confirmar que a curva de infectados está em queda.

— No entanto, mesmo a análise fria dos dados, não nos permite concluir que estamos vivenciando um momento de curva descendente. A curva ainda é ascendente e, graças às medidas de isolamento até aqui adotadas, a velocidade de contágio é que se manteve controlada. Como houve flexibilização das medidas a partir do dia 27 de abril, a tendência é que a velocidade do contágio se altere. No entanto, apenas a partir da próxima terça-feira, 12 de maio, será possível analisar com mais vagar a evolução dos casos para, só então, decidirmos quais os caminhos a serem adotados pelo Município. A taxa da ocupação de leitos hospitalares, que é o nosso indicador mais sensível, tem apresentado relativo crescimento, situação que tem sido diligentemente monitorada pela Secretaria Municipal de Saúde em parceria constante com o Comitê Municipal de Prevenção e Enfrentamento ao covid-19 — afirma o secretário.

Para Amarildo, parte da população tem sido induzida a cobrar a volta à normalidade, mesmo com o cenário de alerta atual.

— Oportunamente, é prudente que fique consignado que, neste momento crucial de evolução do número de casos de covid-19 em Divinópolis, as tentativas de antagonizar posicionamentos eminentemente técnicos apenas porque eles, em alguma medida, contrariam interesses, ainda que legítimos, de determinados grupos, é atitude bastante temerária, porque tem o condão estimular a sensação falseada de retorno à normalidade — argumentou.

Amarildo finaliza cobrando a responsabilidade daqueles que ainda relutam em entender a gravidade da situação e reforça o pedido para a população continue seguindo as recomendações de prevenção ao vírus.

CDL

O Agora também conversou com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Divinópolis, Luiz Angelo Gonçalves. Segundo ele, todos os indicadores referentes ao vírus precisam estar sob controle para que as restrições impostas aos estabelecimentos possam ser afrouxadas, no que diz respeito à liberação de funcionamento de outras atividades ainda impedidas de retomar suas atividades.

— Nós estamos orientando todo o comércio da cidade e os prestadores de serviço para que eles sigam todas as normativas sanitárias descritas no decreto, inclusive respeitando os dias alternados, os horários, os métodos que foram colocados pela Secretaria de Saúde da cidade. É muito importante que todos sigam essas diretrizes para que a gente mantenha os patamares dos indicadores da contaminação do vírus e a porcentagem de ocupação dos leitos sob controle para que a gente tenha uma evolução segura da retomada do comércio e também que a gente possa ter, nas próximas semanas, uma reabertura um pouco maior, já que ainda estamos com muitas restrições e ainda tem muitos setores que estão fechados. Então é importante estar com todos os indicadores sob controle para isso é fundamental que todas as empresas sigam as determinações sanitárias da Secretaria Municipal de Saúde Municipal — finalizou.

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