Autor de vídeo sobre 'fezes' em água da Copasa é notificado a se retratar

Ricardo Welbert

A viralização de um vídeo gravado por um motorista de caminhão-pipa na estação de tratamento de água da Companhia de Saneamento (Copasa) em Divinópolis levou a empresa a pedir que o cidadão se retrate. O cinegrafista amador, que presta serviços a uma empresa que compra água da Copasa, diz na gravação que algumas impurezas visíveis na água seriam fezes. 

Nesta terça-feira, 27, a Copasa notificou extrajudicialmente o autor da filmagem. A informação foi antecipada pelo "Portal Centro-Oeste" e confirmada ao Agora pelo superintendente regional, João Martins, o cinegrafista amador teve tem prazo de cinco dias, contados a partir do recebimento, para retirar a gravação de suas mídias sociais.

— Essa notificação também pede que ele faça outro vídeo, se retratando. De preferência gravado no mesmo local, informando que o que ele divulgou — acrescenta.

Ainda segundo a Copasa, se a intimação não for cumprida, medidas judiciais serão tomadas.

Vídeo e repercussão

— Boa tarde, gente. Estou pegando uma viagem d’água aqui na Copasa. Analisem a água que sai nas torneiras das suas casas em Divinópolis. Se trata de água tratada com o caminhão-pipa. Olha a toada. Merda purinha. Cheio de caminhão-pipa pegando água. O povo trabalhando e ninguém vê nada e ninguém fala nada. Um mal cheiro danado — diz o homem no vídeo, enquanto mostra compostos sólidos na água em um dos tanques.

João Martins afirma que as informações são falsas. O vídeo foi gravado no canal da saída dos decantadores, tanques com a função de aglutinar flocos formados após a dosagem de produtos químicos na etapa anterior.

— A parte pesada que aparece floculando no vídeo é formada por lodo e barro. Depois dessa etapa, a água segue para o filtro. Em seguida, temos ainda a água em um tanque onde ela recebe mais uma carga de produtos químicos. Depois disso é que é feita a distribuição. De forma alguma o que é retido no decantador é distribuído à população — explica.

Ainda segundo João Martins, uma informação errada sobre o tratamento de água distribuída nas mídias sociais pode gerar alarme e transtornos aos consumidores.

— Assim que tivemos acesso ao vídeo, viemos para a estação de tratamento e fizemos um pedido para que outras pessoas viessem, inclusive da Vigilância Sanitária, que vieram e confirmaram que não há qualquer anormalidade. Reafirmamos e tranquilizamos a população —pontua. 

O conteúdo da gravação foi bastante debatido durante a reunião de 20 de fevereiro na Câmara, com alguns vereadores criticando e outros defendendo a divulgação da gravação. O vídeo foi anexado às investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) aberta no Legislativo para apurar indícios de irregularidades no tratamento e na distribuição da água pela empresa no município.

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