Ausências de autoridades marcam audiência que debateu lixo hospitalar em Divinópolis

 

Autoridades e convidados durante audiência pública sobre lixo hospitalar: caso pode render CPI (Foto: Helena Cristina/CMD)

Ricardo Welbert

Secretariais municipais de Saúde e Meio Ambiente, Estado, Ministério Público, Judiciário e empresários que atuam no Centro Industrial de Divinópolis. Instâncias que tiveram representantes convidados para a primeira audiência pública sobre os 350 metros cúbicos de lixo hospitalar abandonados há cinco anos em um galpão, mas não compareceram. Para o vereador Dr. Delano (PMDB), que conduziu a reunião, as ausências refletem o descompromisso dessas esferas com o caso.

— Eu lamento muito. Porque os poderes, mesmo que sejam independentes, poderiamestar aqui para falar. Hoje uma investigação e uma recomendação da Polícia Civil para que fossem presos os donos daquele local e o juiz daquele momento entendeu que essa prisão preventiva não poderia ser acatada. Talvez ele tenha uma explicação. Ele poderia estar aqui par se explicar com maior tranquilidade, dizendo as razões pelas quais não acatou o pedido. A promotoria também perdeu a oportunidade de estar aqui mostrando as suas decisões e perdeu a oportunidade. Mas, nós contamos com eles em outros momentos — disse o vereador.

O vereador Edson Sousa (PMDB) também reclamou da "falta de respeito" por parte dos representantes de órgãos públicos que não foram à audiência. Por causa disso, ele crê na necessidade de instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso mais a fundo.

— Nessa audiência pública houve falta de respeito. Muitas pessoas que são agentes corresponsáveis pelo problema não compareceram. Se instalar uma CPI, o poder de investigação é muito maior para apurar essa série de erros que vem trazendo grande prejuízo a Divinópolis — explicou.

A advogada Juliana Liduário, que defende a dona do galpão alugado pela empresa responsável pelo descarte irregular, também lamentou a ausência dos órgãos e da população.

— Sinto falta pelo promotor de Justiça ambiental, que não veio. Sinto muito que o juiz Núbio Parreira, da Vara de Fazenda Pública, não tenha vindo. São pessoas que poderiam somar e muito na solução deste problema. Sinto também pela população, que não veio. Vamos aguardar as providências que foram colocadas pela Câmara — comentou.

Terceirização de custos 

O vice-prefeito Rinaldo Valério (PV) chegou atrasado à audiência, mas conseguiu acompanhar grande parte da audiência pública. Segundo ele, as dezenas de cidades que produziram material poderiam pagar a conta da remoção.

— Se temos várias cidades envolvidas, que a conta seja dividida com cada uma dela. Foram elas que produziram o lixo. Elas são os responsáveis pelo final desse lixo. Não tem lixo de Divinópolis ali. Eu não sei o que esse lixo está fazendo na nossa cidade, mas recebemos essa herança maldita — disse, referindo-se ao fato de o problema ter começado durante a gestão do então prefeito Vladimir Azevedo (PSDB).

Em resposta a afirmações feitas durante a audiência pública sobre a possível responsabilidade da atual gestão da Prefeitura de Divinópolis no caso, Valério afirmou que a questão não é tão fácil como parece.

— Estamos diante de um problema muito sério. Um problema de 2013, quando já estava sendo contaminado o lençol freático da cidade, o que continua ocorrendo desde então. Nenhuma medida foi tomada para o meio ambiente e para a saúde dos nossos munícipes. [...] Temos que nos reunir com toda a assessoria jurídica da Prefeitura e todos os órgãos ambientais e de fiscalização para saber de um processo que está sub judice. Temos que esperar um parecer do Judiciário. [...] Se resolvermos tirar o lixo de lá amanhã, não poderemos, porque está correndo na Justiça. Temos que ser realistas — finalizou.

O problema em fotos

Seringas, medicamentos e restos de luvas compõem lixo hospitalar (Foto: Juliana Liduário/Divulgação)

 

Recipiente com gás desconhecido também foi abandonado no local (Foto: Juliana Liduário/Divulgação)

 

Placa avisa de interdição, mas acesso é fácil (Foto: Juliana Liduário/Divulgação)

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