Atrás de morro

Existe um velho ditado que diz que “atrás de morro tem morro”. Em outras palavras, por trás de alguma coisa sempre tem outra, e outra e outra. Neste caos que Divinópolis enfrenta, este ditado se aplica perfeitamente, porque atrás de um problema, sempre há outro problema. No início de novembro os professores da rede municipal entraram em greve. Paralisação mais do que justa. Afinal, como diz um outro ditado “nem relógio trabalha de graça”. Em meio à greve dos professores, os profissionais da Unidade de Pronto Atendimento Padre Roberto (UPA 24H) anunciaram o início da operação “Tartaruga”, porque também estavam sem salários, e até mesmo em uma situação pior do que a dos servidores da Educação. Enquanto os professores recebiam R$ 1 mil na conta todo mês, os funcionários da UPA estavam há três meses sem salário, sem nem pingar R$ 1 em suas contas.

E “atrás de morro tem morro”. Pressionado pela população, que precisa de atendimento de urgência e emergência, pelas mães, que não tinham onde deixar seus filhos, e pela proximidade do fim do ano letivo, que seria prejudicado com a continuidade da greve, o prefeito de Divinópolis, Galileu Machado (MDB) resolveu partir para as negociações, e em um passe de mágica – diga-se – incluiu os professores no caixa único da Prefeitura, e resolveu os repasses da Santa Casa de Misericórdia de Formiga, administradora da UPA, pagando parte dos salários dos funcionários da Unidade. Quando tudo parecia estar temporariamente resolvido, eis que aparece o problema da coleta de lixo, porque atrás de morro tem morro.

A cidade simplesmente está “afogada” em lixo desde a última semana. E o problema? Atraso no repasse. A Prefeitura de Divinópolis informou em nota que procurará os meios cabíveis contra a Arbor, empresa responsável pela coleta de lixo na cidade, alegando que ela não estaria cumprindo o contrato, mas o município está “afogado” em lixo. O que falta? Gestão? Pulso forte? Administração? Porque tem um outro ditado que diz “antes prevenir, do que remediar”. Ou seja, antes prever o que pode acontecer pela falta de repasse, e evitar o desgaste, do que sair por aí “louco” atrás de solução para o problema. Mas, se tem ditado para toda e qualquer situação nesta vida, há aqueles também que dizem que palavras são só palavras, que atitude é outra coisa totalmente diferente.

Há os que dizem ainda que sentar atrás da tela de um computador e ditar o que o outro deve ou não fazer também é muito fácil, e que o difícil mesmo é estar no lugar do outro, neste caso, do prefeito. Sim! É verdade. Mas difícil também é ver a princesa do Oeste abaixar sua cabeça e perder a coroa. Difícil é não enxergar os problemas que a cidade enfrenta e os serviços básicos da população serem atingidos. É como se fosse um eterno cobertor, cobre um, descobre o outro. Aí, quando a coleta de lixo for regularizada, o povo pode sentar e esperar o próximo serviço que será afetado, porque “atrás de morro tem morro”.

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