Associação tem expectativa de 90 dias para desfecho do acidente no cemitério

Comissão designada para acompanhamento das investigações solicita esclarecimentos da Prefeitura

Paulo Vitor Souza 

Depois que o Agora trouxe em reportagem, no último dia 14, que a situação no Cemitério da Paz continua a mesma seis meses após o deslizamento, a Comissão Especial da Câmara convocou a segunda reunião para debater a situação das famílias que tiveram túmulos de parentes atingidos pela queda do muro no dia 31 de janeiro último. O encontro entre a comissão e a associação de familiares ocorreu na última sexta-feira, 24. Vereadores que compõem o grupo de acompanhamento das investigações colheram novas informações sobre o caso. 

Uma dos representantes da associação das familiares, Andréa Maria Maciel,  relatou a dificuldade de diálogo com os representantes da Serra Dourada Empreendimento, dona do terreno ao lado do cemitério, e Gerais Engenharia, empresa de construção civil responsável pela edificação que estava sendo erguida no local.

Comissão 

O grupo de vereadores designado para a comissão é formado por Roger Viegas (Republicanos), presidente da comissão, Marcos Vinícius (DEM) e Renato Ferreira (PSDB). Segundo Renato, os próximos passos da comissão serão decididos depois que a Administração responder a solicitação de esclarecimento e enviar documentos referentes ao caso.

— Nós solicitamos à Prefeitura alguns esclarecimentos e toda a documentação para assim darmos sequência ao nosso trabalho — disse o vereador, que é o relator da comissão.

Além dos parlamentares, associação e advogados, participa da comissão a procuradora-geral da Câmara Municipal, Karoliny Faria.

Em entrevista à reportagem, um dos advogados das famílias informou que a situação enfrentada pela associação é complicada pela falta de participação da Prefeitura e das duas empresas envolvidas no desabamento. Müller Oliveira diz que as partes já não demonstram o mesmo diálogo de quando o acidente ocorreu.

— A leitura que fazemos, como representantes da associação dos familiares dos atingidos, é de completa inércia por parte dos envolvidos. Apesar de inicialmente as empresas e a Prefeitura terem se manifestado no sentido de resolver o problema, essas tratativas não continuaram. Hoje, a associação e os familiares não têm nenhum apoio, nem das empresas, nem da Prefeitura, nem dos  proprietários do imóvel onde seria edificado o prédio Juruna Mall. (...) Os advogados das empresas demandadas não estão dialogando conosco atualmente. Ressaltamos que a associação jamais foi contactada pela família Martins, proprietária do imóvel, nem mesmo para prestar solidariedade pela violação indevida dos túmulos — pontuou.

O representante das famílias também falou da expectativa da associação com a participação dos vereadores na comissão, que tem prazo de 90 dias para ser concluída.

— Entendemos que a instauração da comissão pode, sim, agilizar o processo de apuração da catástrofe. Os familiares esperam que isso seja resolvido o quanto antes, inclusive de forma extrajudicial, já que a resolução judicial do problema pode se arrastar por até 10 anos, no nosso ponto de vista — ressalta Müller Oliveira.

Gastos

Apesar da instauração da comissão para acompanhamento das investigações, a situação das famílias que tiveram jazigos soterrados permanece a mesma. A Prefeitura diz aguardar o desenrolar jurídico do processo. A gestão municipal também afirma que os gastos com o trabalho de retirada e identificação de restos mortais pode chegar a R$ 20 milhões e se estender por até 50 anos.

 

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