As festas escondidas

Amnysinho Rachid

A frase mais escutada por estes dias de pandemia é aquela: “Fique em casa”. Só saia em caso de extrema necessidade, mas acredito que aqui na nossa terrinha está mais para: “faço o que faço, mas não o que dizem”. No último sábado, era para todo o comércio da cidade estar fechado, mas acredito que o povo entendeu que a lei é apenas para o Centro, pois nos bairros estava uma loucura, tinha gente saindo pelo ladrão.  

E as festas no fim de semana pegaram fogo, na minha vizinhança bombou, música alta e muita gente ‒ idosos, crianças, jovens, gente para todos os gostos e sabores ‒, churrascada parecendo que tudo voltou ao normal. Cada hora você escutava uma música festiva vindo de um lugar. Rolou de tudo, do sertanejo ao funk (embaixo, embaixo embaixo).

Aí comecei a lembrar das festas da minha adolescência e viajei no tempo. Lembro-me que as festas aconteciam assim: quase sempre você ficava sabendo o que iria rolar no colégio ou depois da aula. Era tradição encontrar na pracinha do Santuário, onde a turma que saía dos colégios São José, Leão XIII, Frei Orlando, Estadual encontrava com as meninas do Instituto Nossa Senhora do Sagrado Coração, aí pintavam os convites.

Naquela época não existia a internet, celulares. A maneira que tínhamos era o famoso boca a boca ‒ e olha que rolava, me lembro de ir em festa muitas vezes de penetra e aproveitar muito. Como fomos em casamentos sem conhecer nem a noiva nem o noivo! Era aquilo: arrumávamos bem na estica e partíamos para igreja. De cara já dava para notar se ia ser festão ou meia boca. Quando acabava a cerimônia, era só seguir os carros e aproveitar a festa.

Uma das melhores era quando os pais viajavam e aí a casa era da turma, lembro que rolava muita viola e cantoria. O local ficava um lixo e sempre sobrava para a turma mais chegada arrumar a zona.

Lembro muito de uma vez estarmos num barzinho e fomos avisados que iria rolar uma festa de 15 anos no Iate. Na mesma hora, juntamos para partir para a festa. O Anderson tinha um caminhão grande e não deu outra: subiu toda a galera na boleia e vazamos para a festa. Chegando, como éramos conhecidos dos porteiros, passamos batidos. A festa estava linda, com conjunto e tudo mais. Como caras de pau que éramos, fomos todos passando pela aniversariante, que era nossa conhecida, e dando os parabéns com três beijinhos.

Dali começamos a dançar e animamos a festa, já cada um buscando sua bebida como se fôssemos convidados. Em certa hora, pararam a música e o pai da aniversariante pegou o microfone e foi logo dizendo que era para que os penetras saíssem e, como se não bastasse, foi dizendo nome por nome. E acha que ficamos envergonhados? Saímos ainda dizendo que a festa iria acabar sem a gente. É pouco o quer mais? Até hoje encontro com a menina da festa e a cumprimento lembrando que fiz parte da sua história ‒ mesmo sem ser convidado, fiz.

E assim continuamos EM CASA, saindo apenas quando for necessário. TOK EMPREENDIMENTOS, rua Cristal, 120, Centro.

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