Artista dá o recado

Antônio de Oliveira

“Dar o recado” é uma expressão bem nossa, brasileira, que significa o ato de transmitir, sem ruído e com eficácia, ao leitor, ouvinte ou expectador, as ideias ou mensagens contidas em livro, filme, novela, música, obra de arte, palestra, entrevista, discurso, aula. Em suma, transformar uma informação, no caso, eficaz, em comunicação, isto é, passível de retorno satisfatório. “A bom recado” é outra expressão. Quer dizer livre de perigo, de censura, de deturpação, em seguro, a recado, a bom recato.

Palco é palco, eis a realidade. “Minha vida é um palco iluminado” é iluminação que vem da cabeça e do coração do poeta. Criação, isto é, poder, cabeça, para abstrair do objeto; sensibilidade, para metaforizar, indo além. O emprego de metáforas é mais usual do que se imagina. Quando se chama um político de raposa, todo mundo “capta a mensagem”. Um pintor ou um escultor é capaz de transformar uma batalha ou a consternação de uma mãe com o filho morto, no colo, peça digna de admiração, haja vista a Pietà ou Guernica.

Mais do que com o pincel, o artista pinta com a alma, o músico lava a alma nas notas soantes. A estátua de Moisés só falta falar. “Parla, Mosè!” As sete e setenta vezes sete maravilhas do mundo saíram das mãos do grande arquiteto do universo e de seus prepostos, na terra, arquitetos e urbanistas, designers e decoradores. Uma natureza-morta expressiva não tem nada de morta. A comunicação visual surgiu muito antes da comunicação virtual. Lá nos primórdios...

E os estilos, como variam! Rafael é Rafael, Picasso é Picasso. As cores então... Tonalidades mil. Cores fortes. Cores suaves. Claro-escuro. Terceira dimensão. Curvas, linhas calmas, serenas, límpidas ou violentamente espalhadas, propositadamente contrastantes. Ufa! O mundo da arte nos deixa embevecidos, extasiados, contemplativos. Cada artista reflete o mundo da época e seu mundo interior. O mundo do amante da arte é confrontado com o mundo do artista.

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