Armários vazios

 

Augusto Fidelis 

Armários vazios

 

Li no jornal uma notícia de dar arrepio, cujo fato aconteceu num país da África, Zâmbia, se não me falha a memória. Cinco homens sequestraram uma donzela de 15 anos com o objetivo de obrigá-la a se casar com um deles. Na fuga, embrenharam-se na floresta, onde foram atacados por três leões. Por incrível que possa parecer, os felinos puseram os meliantes para correr e tomaram conta da mocinha, sem molestá-la, até a chegada da polícia.

Estudiosos do assunto alegam que os bichos pouparam a adolescente porque acharam seu choro parecido com o bramir de um filhote. Eu também entendo do riscado e posso garantir que não foi nada disso. Na verdade, os leões perceberam a vagabundagem que estava acontecendo e resolveram agir, pois os animais sabem que, na maioria dos países africanos, as autoridades são coniventes com essas barbáries. 

Agora, em Divinópolis, jamais vamos presenciar cenas como essa: primeiro porque não temos leões; segundo, porque está faltando homem. Se você puder aguardar um pouco, assim nadica de nada, vou contar tudinho como tomei conhecimento da escassez do produto. Bem, no início do mês, fui à casa de uma amiga celebrar seu aniversário. Com a minha agenda um pouco cheia, logo na chegada, anunciei que não demoraria. 

Como se trata da finesse em pessoa, a aniversariante tratou logo de aumentar a chama para que a feijoada fosse servida sem delongas. Encontravam-se também na sala  o pessoal da casa e um casal de namorados. Em pouco tempo, a mesa foi abastecida de deliciosas iguarias. Iniciamos a deglutição quando chegaram duas moças. Uma alta, magra e bastante falante; a companheira, um pouco mais baixa, também magra, porém, sisuda. Preferiram, em primeiro lugar, uma cerveja para abrir o apetite.

A conversa tinha temas variados, até então, quando começaram a falar de homens, sobre a dificuldade de se arranjar um namorado. De repente, a sisuda saiu com esta: “Ah! Divinópolis está muito ruim, não tem homem, e os poucos que ainda existem estão todos virando viado”. Ao ouvir tal observação, minha orelha pegou fogo. No entanto, como eu não tinha nada com o assunto, continuei de cabeça baixa saboreando meu rabinho de porco.

O rapaz que ali estava, com a sua namorada, tentou amenizar a situação com aquela surrada explicação de que as coisas não são bem assim. Como a sisuda conseguiu partidárias, o debate se incendiou. Servi mais um pouco de feijoada, para observar melhor a situação. O tempo andou e, com a barriga cheia, entendi por bem abandonar o navio em chamas, antes que as labaredas me chamuscassem. Mas o assunto é sério e merece uma análise mais minuciosa por parte dos especialistas. Quem viver verá!

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