Aposentados: uma força política

Bob Clementino

Desde 1964 participo ativamente das eleições em Divinópolis. Na maioria das vezes, assessorando algum partido ou candidaturas individuais. Percebo, ao longo deste tempo, que raríssimos candidatos se dão conta da grande força eleitoral que aposentados pensionistas representam. Em Divinópolis, há milhares de aposentados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e por outras entidades, como os dos serviços públicos inativos, municipais, estaduais e federais. Pululam pela cidade várias associações de defesa dos interesses dos aposentados de cada categoria, o que mostra que eles estão organizados e têm uma pauta de reivindicação a ser abrigada. São uma força política/eleitoral capaz, de sozinha, se bem articulada, eleger um prefeito na cidade.

Fica, portanto, o lembrete!

Quem quer uma usina de asfalto?

Meses atrás o vereador Matheus Costa (CDN) indignou-se com o fato de a Prefeitura de Divinópolis contratar uma empresa da cidade de Oliveira ao preço de R$ 366 mil para o fornecimento de massa asfáltica, o concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ), com objetivo de reforçar o trabalho das equipes mobilizadas na operação “Tapa-Buracos”. Na visão de Matheus, melhor seria a Prefeitura ter a sua própria usina de asfalto. Por isso, prontamente, foi atrás do senador Carlos Vianna (PSD) em busca de uma parceria, visando que o Município construísse uma usina de asfalto quente. Conseguiu R$ 1,5 milhão e mais R$ 1 milhão para implementos e afirma que estes valores já estão empenhados, bastando a Prefeitura agilizar a parte burocrática e comprar a usina em 2020. Mas, porém...

Pasmem!

Estupefato, o vereador Matheus disse à coluna que a Prefeitura está travando a negociação para a compra da usina de asfalto quente, ao argumento de que Divinópolis não precisa dessa usina e que seria melhor usar este R$ 2,5 milhões para asfaltar ruas da cidade. Com a palavra, a Prefeitura. O espaço na coluna está aberto para sua versão.

Troca-troca é ilegal

A celeuma em torno das barganhas entre vereadores de Divinópolis e o prefeito continua na pauta do dia. Não que isso justifique, mas em outras cidades brasileiras também acontece o mesmo, mudando apenas o nome. Em Sinop/MT, em vez de troca-troca dizem “toma lá dá cá”, mas a chicana é igual. Naquela cidade quase houve uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar se as nomeações de cargos comissionados na prefeitura tiveram comando dos vereadores. No começo da sessão, o requerimento tinha cinco assinaturas – número suficiente para abrir a comissão. Em menos de uma hora, houve baixa de uma assinatura.

Sorocaba e Betim idem

Também em Sorocaba/SP, o Ministério Público (MP) investiga uma possível troca de favores entre vereadores e prefeito. Em Betim/MG, a nomeação de cargos de secretários indicados por vereadores seria para 'troca de favores' entre a Câmara e a Prefeitura. Em Itiquira/MT, também, e os servidores comissionados foram exonerados após suspeita de nepotismo indireto.

Não passa de trapaça

Para o promotor de Justiça do Estado de Mato Grosso, Cláudio Ângelo Correa Gonzaga, que acompanhou as denúncias de Sinop e Itiquira, “o nepotismo não se limita à prática de forma direta, em que a autoridade nomeante que designa seu parente para cargo comissionado em estrutura administrativa sob sua gestão, mas, também pode ser caracterizado na forma indireta pela conduta da autoridade nomeante que designa parente de autoridade de outro ente público visando a obter vantagem de natureza política. Segundo a atual jurisprudência do STF [Supremo Tribunal Federal], a vedação ao nepotismo decorre diretamente do 'caput' do art. 37 da Constituição Federal”.

Caos evitado

Greve dos caminhoneiros anunciada para segunda, 16, não saiu porque a maioria deles apoia o governo Bolsonaro (sem partido). Fracassou e provavelmente fracassará qualquer greve de propósito acintoso ou de balbúrdia. Essa grande parte adepta de Bolsonaro negocia com ele e já obteve vantagens e, certamente, continuará tendo acesso ao presidente de forma tranquila, com uma negociação serena e civilizada, ainda que não alcance abrangentemente o que querem os líderes mais atrasados.

É isso!

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