Após ser agredido na rua, idoso de 81 anos morre em Divinópolis

Gisele Souto

Era para ser uma ida normal a um baile de forró, como fazia em busca de um pouco de diversão, após a morte da esposa, há três meses. Mas, naquele domingo à noite, seu Sebastião Ventura, 81 anos, não voltaria para casa, no bairro Morada Nova, mesmo estando muito perto dela. Seu retorno foi interrompido de forma trágica no último dia 17, por volta das 22h, na rua Murié, há poucos metros antes de chegar à avenida Paraná, no bairro São Judas. Ele foi covardemente agredido dez minutos depois de sair do local onde foi se divertir.

O certo até agora é que o idoso saiu sozinho e, menos de dez minutos depois, quando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), chegou ao local, ele já estava desacordado e, com parte dos dedos da mão esquerda, quase decepados. A suspeita é de que, além de ele ter sido atingido por um objeto cortante como faca, tenha sido espancado. O idoso sofreu traumatismo craniano na região da nuca e tinha hematomas pelo corpo. 

Estado grave

 

Seu Sebastião Ventura foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com estado de saúde delicado (coma), situação que foi alertada à família pelos médicos. Lá, ele ficou do domingo, 17, até a última quinta-feira, 21, quando surgiu uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Complexo de Saúde São João de Deus. Mas era tarde demais. Sobreviveu apenas mais uma noite e três dias. Como era hipertenso, o ferimento no cérebro exigiu muito do coração, que, segundo os médicos explicaram à família, era fraco por causa da doença e parou.

O sentimento da família é de muita tristeza, o que é gravado pelo pouco tempo da morte da esposa do seu Sebastião, que também não resistiu depois perder um dos seus filhos, vítima de um aneurisma aos 56 anos de idade. Ela foi acometida de uma depressão e, depois, câncer. Mas não é somente isso. A revolta é grande pela forma como o idoso foi agredido. 

Sem pistas 

Além da forma como foi e onde ocorreu, o que intriga a família é não se ter nem suspeitas de quem praticou tamanha barbaridade. Sua neta, Vanessa Ventura, que representa a família nas buscas por informações e possíveis culpados, conta que, apesar de o idoso ser muito conhecido na localidade, por ter filhos comerciantes, pessoas que moram próximo naquela região, afirmam não ter visto nada na noite. Ela revela também que parentes refizeram todo o percurso que ele fez e solicitaram imagens de câmeras de residências e comércios, porém não estariam funcionando. A sensação, segundo Vanessa, é de que ninguém se importa mais com o próximo e que “o problema do outro não me pertence”.

— O sentimento é de muita tristeza e revolta. Mas, no fundo, temos um fio de esperança de que, a partir de agora, com o caso vindo à tona, alguém crie coragem e denuncie, mesmo de forma anônima — enfatiza.

Polícia 

A Polícia Militar (PM) confirmou que confeccionou o boletim de ocorrência no dia 20, quando um dos filhos procurou a corporação. Foi registrada apenas a agressão, tendo em vista que nada foi levado do idoso nem o dinheiro que estava no bolso.

Já a Polícia Civil (PC) informou que a perícia constatou lesões no corpo do idoso e as apurações são realizadas por meio de um inquérito aberto logo após a sua morte.

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