Após caso Júnia, familiares vão ter que reconhecer corpos antes de sepultamentos

Mudança da Prefeitura vem após troca em hospital; decreto já foi publicado

Bruno Bueno

O caso da morte da ex-assessora parlamentar da Câmara Municipal Júnia Máximo, na noite da última segunda, 21, continua dando o que falar na cidade e fez com que a Prefeitura mudasse o documento que prevê formas de identificar e sepultar vítimas da covid-19.

Após o corpo da ex-assessora parlamentar Júnia Máximo ter sido trocado e levado por engano para Conceição do Pará, fazendo a família esperar o dia todo para realizar o enterro, o Executivo decretou, na manhã de ontem, que todos os familiares devem reconhecer o corpo antes de se realizar o sepultamento.

Relembre o caso Júnia

Júnia Máximo, ex-assessora parlamentar, morreu na noite de segunda-feira após complicações da covid-19. Conforme informações da família, o enterro da mulher estava marcado previamente para as 10h de terça. No entanto, após um grande atraso na chegada do corpo, os familiares ligaram para o Complexo de Saúde São João de Deus para saber o seu paradeiro. Foi quando descobriram a situação: o corpo da mulher não estava no hospital.

Segundo informações da superintendente do Complexo de Saúde, Elis Regina, o corpo de Júnia não foi identificado no saco preto em que pessoas com covid-19 são transportadas, fazendo com que uma funerária de Pitangui, que foi buscar uma outra mulher que seria enterrada em Conceição do Pará, levasse o corpo de Júnia para a cidade.

Após diversos desdobramentos, a família presenciou, no fim da tarde, a retirada do corpo, que já havia sido enterrado, no cemitério de Conceição do Pará. A ex-assessora foi conduzida para Divinópolis onde, no começo da noite, quase 24h depois de sua morte, foi finalmente enterrada.

Decreto

Depois da repercussão do caso, a Prefeitura alterou o Decreto nº 14.397, de 24 de maio de 2021, que diz respeito aos procedimentos de velório e sepultamento de contaminados com a covid-19 no município. Nele, o Executivo obriga o reconhecimento familiar antes do sepultamento.

— Em caso de óbito de paciente cujo velório não seja autorizado na forma do parágrafo único do art. 1º, previamente ao fechamento e lacre da urna, será obrigatório colher atestado de reconhecimento pessoal por familiar da pessoa falecida ou, na falta deste, de pessoa autorizada, devidamente identificada, mediante documento com assinatura de duas testemunhas — diz o documento.

O decreto também afirma, no artigo 3º, que a responsabilidade de realizar os cuidados com os familiares a fim de evitar novas contaminações da doença fica a cargo das unidades hospitalares.

— É da responsabilidade da unidade hospitalar a paramentação adequada da pessoa que fará o reconhecimento — informa.

A publicação também explica que os outros procedimentos de sepultamento para pessoas que morreram de covid-19 não serão alterados no município.

— Os procedimentos relacionados a sepultamentos, embalsamamentos, traslados desses corpos não serão incluídos no contexto deste Decreto e permanecem os mesmos —  explica.

UPA

Em nota, a Prefeitura informou que, mesmo sem a informação constar no antigo decreto, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto já realizava o procedimento de reconhecimento familiar.

— No decreto anterior, de 24 de maio, não constava essa informação e foram acrescidos mais dois parágrafos destacando a necessidade do reconhecimento.  Mesmo sem constar em decreto, na Unidade de Pronto Atendimento Padre Roberto a prática de reconhecimento do falecido por um familiar já era realizada — ressaltou.

Demissões

O Agora trouxe com exclusividade nas plataformas digitais a informação de que os dois funcionários do hospital que teriam sido responsáveis pelo erro já foram demitidos. 

Segundo informações da própria diretoria do São João de Deus, a primeira falha foi da enfermeira, que não identificou o corpo no saco plástico. A segunda foi a do responsável pela entrega do corpo à funerária, que também não percebeu que a vítima não estava identificada.

— Os dois responsáveis pelo erro por parte do hospital já foram desligados. A identificação dos dois corpos foi correta, no tórax e tornozelo, porém, a identificação no saco onde pessoas com covid são enterradas não foi feita nas duas pessoas. Além disso, outro funcionário do hospital não observou que o corpo que estava sendo levado sem identificação. Logo, a assessora foi levada, indevidamente, para a cidade vizinha — afirmou.

 

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