Apertem os cintos!

Editorial 

Senhoras e senhores, apertem os cintos, pois o que espera os brasileiros nas próximas semanas, se nada for feito para ontem, nem história de ficção cientista conseguirá descrever. É desesperador, mas é real! Se 2020 foi um ano difícil, ao que tudo indica 2021 será ainda pior. No momento em que a curva de mortes e contaminação da covid-19 começa a subir assustadoramente no país ‒ e em Minas Gerais não é diferente ‒ Divinópolis protagonizou cenas tristes neste domingo, 29.

Um bar na região central da cidade realizou um evento, sem seguir as normas de prevenção ao coronavírus, conforme determinado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa). As pessoas que estavam no local agiam como se não houvesse um vírus que já matou mais de 170 mil pessoas no Brasil e 77 em Divinópolis ‒ duas confirmadas ontem. Mas, pelo que foi visto, o caso só ganhou notoriedade devido a uma briga generalizada que aconteceu no estabelecimento. 

Enquanto 34 pessoas estão internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), lutando por suas vidas, e outras 47 se encontram no setor de enfermaria com quadro clínico compatível à covid-19 – conforme o boletim epidemiológico divulgado ontem pela Prefeitura ‒, os jovens promovem e participam de festas, sem levar em conta que podem levar o vírus para casa e contaminar parentes frágeis que não resistiriam à doença.

Voltando ao episódio de domingo, a Polícia Militar (PM) foi acionada devido a uma briga envolvendo dezenas de pessoas. É desanimador pensar que, oito meses depois que “tudo isso” começou, a humanidade não sairá melhor. Pelo contrário, o ser humano continua exatamente igual, mostrando a sua pequenez e por que a covid-19 tem ganhado mais força a cada dia. Nem mesmo um momento tão delicado como este, que exigiu apenas empatia e responsabilidade do ser humano, fez com que ele evoluísse. Continuamos exatamente no mesmo lugar. Exatamente iguais. E, não, definitivamente o mundo não se tornará um lugar melhor “pós-pandemia”. 

Em março foi pedido apenas que ficássemos em casa, enquanto as autoridades trabalhavam em busca de respostas, de protocolos, de atendimentos médicos adequados, de cura! Falhamos. Depois foi pedido apenas que usássemos máscaras, para prevenir, pois as ações em busca de respostas continuavam. Falhamos. As autoridades trabalharam para que a economia não fosse afetada, e que chefes de família ainda pudessem levar o sustento para suas casas.

A nós foi pedido: trabalhem, mas com responsabilidade. Falhamos. Falhamos em todos os sentidos. E, como toda ação tem reação, o que nos espera com certeza não é um Jardim do Éden. A segunda onda de contaminação do coronavírus pode se alastrar país afora e chegar com tudo. Falhamos miseravelmente na única função que nos foi dada: preservar a nossa vida e, consequemente, a do outro! Falhamos como espécie. Aliás, não é de hoje que viemos falhando. A nossa representação em todas as esferas é um exemplo claro disso.

É desolador, mas faltando 30 dias para 2020 acabar, chegamos à conclusão que não há empatia, não há responsabilidade e muito menos senso de coletividade. Agora é literalmente cada um por si e Deus por todos. Pois, parece que uma vida, inclusive em Divinópolis, está valendo uma festa, um pagode, um churrasco ou um momento de “alívio” para liberar o estresse. Apertem os cintos! 

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