Apaga a luz, acende a vela

Na quarta-feira passada ocorreu um problema com os fios de energia aqui perto de casa, em frente à padaria. Foi um grande estrondo, fazendo o fio soltar rajadas de fogo ao bater no asfalto. O pânico foi grande e a energia, interrompida.

Assim começou a nossa tarde, com este calor beirando o deserto. Só notamos como a energia faz falta quando não a temos. Aí começou aquela coisa: toda hora passava um vizinho indo até o acontecido, com o celular na mão, chamando a Cemig. A companhia é um caso à parte. Primeiro, você conversa com uma moça, que acredito estar no fim do mundo e com certeza nem aí para você, e te dá a mesma resposta: estamos enviando profissionais para a área. E o tempo foi passando... A turma fez o bloqueio por conta própria, mudou o trânsito e começamos a rezar esperando pelos enviados da luz.

E, assim, a tarde passou, a noite veio caindo, e tudo se transformou num grande breu.

Acredito muito que temos que fazer do limão uma limonada e transformar a falta de luz em algo prazeroso. Assim fiz: tomei aquele banho gelado, coloquei uma beca bem relaxada, e partiu à moda antiga.

Peguei algumas velas com um pires, um grande banco de madeira e fui para o passeio em frente nossa casa. Coloquei a vela no poste e chamei minha turma. Minha Cleide e meu Nasser foram os primeiros a sentar para começar a resenha. Engraçado como um costume antigo ficou perdido no tempo. Como era bom sentar na porta à noite e conversar com os vizinhos... Os meninos correndo na rua, a cachorrada implicando uns com os outros, e assim a coisa acontecia.

E não é que meu banco fez sucesso? Primeiro apareceu o Kaliu, perguntando sobre os acontecimentos. Como todos, xingando a Cemig, tomou seu lugar no passeio e a conversa começou a rolar. A cada tempo passava um conhecido, uns mais corridos, outros com mais tempo, e cada hora um assunto aparecia. Num destes momentos, apareceu nossa querida Claudinha Silva, com sacolas nas mãos, determinada a fazer faxina em casa. Comuniquei à amiga que não seria possível, mãe Cemig nos deixou na mão. E, como essa menina não é fraca, tirou umas cervejinhas, pedrando, e fez a alegria da turma. Corri, busquei uns torresmos, e aí a festa começou.

Acredito que não poderia ser diferente. A turma da zona é barra pesada, digo muito que aqui o sexo ainda está no ar, por isso somos felizes.

O mais interessante foi notar a quantidade de estrelas no céu, não lembrava mais como são lindas e muitas. Como foi bom sentir a brisa quente da rua a soprar na nossa alma, contar casos antigos e rir à toa... Lembrar de um tempo que se foi mas que nos marcou. Em certa hora, numa brincadeira, levantei batendo palmas e disse: Faça a luz. E não é que a energia voltou? Acharam que eu tinha uma treta com a Cemig!

E eu continuo aqui na TOK EMPREENDIMENTOS, rua Cristal, 120, Centro...            

Comentários