Amor de mãe

Laiz Soares 

Amor de mãe

Minha mãe sempre me fala que amor de mãe perdoa tudo. Mãe ama até quando não quer amar. Preocupa quando não quer preocupar. Se irrita, se enerva, briga, xinga, fala o que não quer. Mas o amor, mesmo assim, está lá. Ele é natural, ele é visceral, ele é imortal.

  Vira e mexe eu morro de vontade de voltar para a barriga da minha mãe, falo isso para ela direto. É o melhor lugar do mundo, de onde a gente nem devia ter saído. Mas, já que saiu, a gente tem que amar, cuidar e honrar o fato de uma mulher ter nos dado a vida.  Quero adiar ao máximo ser mãe porque eu não estou suportando amar. Amar dói, preocupa, irrita e enlouquece. Já amo loucamente gente demais, não sei se suporto amar um filho neste momento da minha vida e do mundo, de tanta luta, tristeza e dor. Eu fico imaginando se eu vou saber lidar com tanto amor.

Ser mãe é a coisa mais linda e mais difícil que alguém pode ser. Tem gente que tem essa vocação mais forte, outras tem que aprender mais, mas mãe é mãe, não tem jeito. A minha sempre me diz: você vai ver, ser mãe é o projeto mais difícil que você vai fazer. Concordo. E não acaba nunca, nem com a morte, é um projeto de amor eterno.

Mãe é quem cria, eu sei, mas mãe também é quem gera. Gerar um filho é uma das coisas que mais me faz crer na existência de Deus, é algo tão incrível da natureza que esbarra no sobrenatural. Uma mulher grávida é uma mulher de coragem. Uma mulher que disse sim à vida, e um sim que muitas vezes custa muito, um sim difícil, um sim muitas vezes sem apoio, um sim que de certa forma é um sacrifício de amor em respeito ao direito de viver daquele outro ser que já vive ali e que precisa ter sua vida protegida, cuidada e, se possível, amada.

O mundo existe porque muitas mulheres disseram este sim, e só isso já faz delas grandiosas e dignas de muita honra e agradecimento. Obrigada a todas as mães do mundo, sem vocês nada seria possível. À minha mãe, eu não devo só o presente da vida, que já teria sido muito mesmo se ela não tivesse me amado. Eu devo também o meu caráter, os meus valores, a minha fé. Meu pai me desafiou a conquistar o mundo pelo exemplo dele, me mostrou que tudo era possível e me deu as oportunidades para isso. Mas, sem o amor e a sabedoria da minha mãe, eu nada seria. 

Do que vale ao homem conquistar o mundo se perder a sua alma? Eu agradeço a Deus todos os dias por ter me dado a mãe que eu tenho. Uma mãe que me apresentou a Ele, uma mãe que também pelo exemplo me guiou pelo caminho da fé, da esperança, da justiça e do amor. Nada que eu fizer, disser ou tentar retribuir jamais poderá pagar isso. A minha dívida de amor com a minha mãe é eterna. Só Deus pode me ajudar a pagar essa conta, que começa aqui e não termina nunca mais, porque o amor é algo que não termina e que dura para sempre. 

Ela é doçura, ela é fofura, ela é engraçada, ela é inteligente, ela é sábia, minha conselheira, ela me ensina todos os dias. Minha mãe é o melhor livro que eu já li, o melhor curso que eu já fiz, a viagem mais bonita, a paisagem mais encantadora, o banho mais quente, o doce mais gostoso, o amor mais cheiroso. Ela tem o cheiro dela, o jeito dela, o olhar dela. Tudo nela me ensina e me ajuda, tudo me encanta, e até o que me irrita me fortalece.

Sinto muito pelos filhos que já perderam suas mães, e pelas mães que viram partir seus filhos. Sinto pelas mães e filhos que por alguma razão da vida não puderam por esse amor em prática. Quero acreditar que existe um cordão umbilical espiritual que garante esse amor eterno, esse amor alucinante, amor reconfortante, amor maior do mundo. “É assim nosso amor sem limites, o maior e o mais forte que existe!”

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