Ameaça de greve de médicos ronda a UPA de Divinópolis

Rafael Camargos 

Numa tentativa de colocar fim em uma situação que se arrasta desde junho, os médicos contratados pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto em Divinópolis, se reuniram em uma assembleia na noite da última terça-feira, 7, para decidir o futuro da unidade. Durante a reunião, ficou decidido que se o Conselho Regional de Medicina e a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) não tomarem providências, os atendimentos serão restritos apenas aos quadros de urgência e emergência.  

Conforme o Agora informou na última terça-feira, 7, os profissionais da unidade estão desde o dia 13 de agosto sem receber os salários, fato tem gerado desgaste na equipe, que pensa em deflagrar greve.

Os médicos encaminharam na tarde de ontem, 8, ao Ministério Público, Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e Conselho Regional de Medicina (CRM) um documento informando toda a situação.

 Greve

 Durante a assembleia, a maioria dos médicos  decidiu que se a situação não for resolvida até a próxima terça-feira, 14, eles irão atender somente os casos de urgência e emergência, procedimento que seria o adequado, uma vez que a UPA deveria dar essa assistência, e não funcionar como um “hospital”.

— Nos reunimos na terça-feira e, ontem à tarde, enviamos o comunicado a Semusa e ao CRM. Estipulamos prazos e agora aguardamos a resposta. Caso contrário, se não organizarem, atenderemos somente casos mais extremos — informou um médico da unidade que não quis se identificar. 

Capacidade

A Unidade de Pronto Atendimento estava ontem com 57 pacientes esperando por uma vaga em algum hospital da rede conveniada, quase o dobro da capacidade de leitos. De acordo com o médico, os materiais e medicações estão em dia, porém a unidade luta diariamente para conseguir se manter, trabalho que se torna mais difícil, segundo ele.  Questionado pela reportagem sobre o pagamento dos salários atrasados, o profissional revelou conta que não há ainda nenhuma resposta concreta.

— Está complicado. Eminência de paralisação, mas estamos tentando contornar a situação — falou.

 Afetando os pacientes

 A angústia e a dor são sentimentos compartilhados por vários pacientes internados, situação que vem sendo vivenciada pelo senhor Adelino Domingos Vieira, 89 anos, que precisa realizar uma cirurgia e está há 29 dias esperando uma vaga no Hospital São João de Deus (HSJD).

Segundo sua neta, Cilene Vieira, 28 anos, o avô amanhã completa um mês de sofrimento.

— De todos os pacientes que passaram por lá neste período, ele é o único que ainda espera desesperadamente por uma vaga. Já fomos atrás de várias autoridades e ninguém resolve nada — disse angustiada.

Ele precisa realizar uma cirurgia de raspagem de próstata, um procedimento pequeno, mas que devido à situação, está agravando sua saúde.

— Ele está com 89 anos, já tem alguns problemas de saúde, como: enfisema pulmonar, e agora, usa um cateter para urinar e uma bolsa. A situação pode comprometer ainda a bexiga, causando uma infecção renal. Se ele ficar com essa bolsa muito tempo, os rins podem parar. Além disso, seu estado emocional afeta sua pressão arterial — desabafou.

 Resposta 

O representante da Santa Casa de Formiga, José Orlando Fernandes Reis, atual gestora da UPA, junto com a Prefeitura de Divinópolis, confirmou que os médicos está há três meses sem receber salários. Ele prometeu que na segunda-feira já será feito um pagamento.

— Segunda-feira será paga uma folha integral de agosto. Até o último dia deste mês, devemos pagar a de setembro e, até o dia 15 de dezembro, a de outubro. Já no final do mês, a de novembro. Ainda não tem previsão para pagamento para a folha de dezembro — comentou.

O representante ainda reforçou que em conversa com o vice-prefeito Rinaldo Valério (PV) ele garantiu que está em conversas com a Secretaria da Fazenda para regularizar os pagamentos.

— A partir de janeiro não haverá atraso nos pagamentos — finalizou.

A Prefeitura de Divinópolis informou que, ainda deve repassar R$ 800 mil a unidade. Sobre a greve, ressaltou que já tem acordo com os médicos para realizar o pagamento até 14 de novembro. Segundo a Prefeitura, além de recursos municipais, a UPA recebe repasse da União e do Estado e, no entanto, os recursos estaduais estão atrasados em 15 parcelas de R$ 125 mil, e este montante prejudica o funcionamento da UPA.

 

 

 

 

 

 

 

 

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