Amadorismo sem fim

Editorial

Sem sombra de dúvidas, a reunião da Câmara desta terça-feira, teve dois pontos altos que nos fazem ter a certeza de que a atual legislatura será tão amadora quanto a última. A começar pela nota de repúdio do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram), contra as falas dos vereadores Flávio Marra (Patriota) e Eduardo Azevedo (PSC), sobre os servidores públicos. Em resumo, Eduardo Azevedo disse em seu pronunciamento que a Câmara está cheia de “marajás” e que estes deveriam trabalhar 24 horas; por sua vez, Flávio Marra não poupou palavras contras os servidores do Crevisa. 

A nota lida em plenário traz: “É importante destacar que os servidores efetivos da Câmara não estão no serviço público por indicação ou a “reboque” do irmão de deputado estadual. Ao contrário disso, prestaram concurso público, oportunidade que é aberta a todos os cidadãos. Estudaram, passaram no concurso e por mérito e a legislação pertinente à época conquistaram a atual remuneração”. Em outro momento, o Sindicato pontua: “Senhor vereador,  se a cidade não parou totalmente durante a pandemia e não tivemos um colapso do sistema de saúde é porque estavam à frente os servidores públicos”. 

O questionamento feito pelo Sintram sobre a ação dos vereadores em um momento que, segundo o sindicato, vem ao encontro do fato de que em menos de um mês de mandato foram registradas várias reclamações da categoria relativas ao trato inadequado das chefias, inclusive de assédio moral, só reforça o que o Agora já havia adiantado. Em seu pronunciamento, Eduardo Azevedo se defendeu e disse que não generalizou e não ofendeu os servidores. Porém, o que vale ressaltar é que  comportamento dos vereadores é o mesmo e, caso a postura permaneça igual, daqui quatro anos não restará pedra sobre pedra em Divinópolis. O que nos faz afirmar que a mudança de como se portar é necessária é o segundo ponto alto da reunião ordinária desta terça: o projeto de lei que coloca igrejas como serviços essenciais na cidade. 

Foi necessário que a vereadora Lohanna França (CDN) explicasse em seu discurso que a “prioridade” já existe no programa Minas Consciente, as igrejas já são serviços essenciais. Se fosse “apenas” isso, poderia ser dado ao menos um “desconto”, mas a situação foi um pouco além. O mesmo vereador que assinou como coautor do projeto também assinou contra a sua aprovação na comissão que faz parte. Oi? Sim, esse é o Legislativo de Divinópolis, que trabalha com muitos vídeos, curtidas, compartilhamentos, show, teatro, e nada, mas nada de técnica, responsabilidade e respeito com a população da cidade. Em poucas palavras, esta é a Câmara de Divinópolis: nada mais do que amadora. O que mais entristece é constatar que sai legislatura, entra legislatura e tudo continua como antes. É necessário saber o que faz e o que está sendo feito em qualquer área, em qualquer setor, seja ele público ou privado. 

Aqui em Divinópolis os vereadores parecem saber fazer apenas ataques, apontar problemas, mas nunca a solução, e gravar vídeos, vídeos e mais vídeos. E, ao fim deste editorial, só podemos constatar que tudo está dentro dos conformes. O ano é novo, a legislatura também, mas as atitudes continuam dominadas pelo amadorismo.

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