Agora, é real?

Editorial 

“Antes tarde do que nunca”, diz um ditado bastante popular. Em meio ao caos, a tantas notícias tristes, a este conteúdo de informações que é produzido todos os dias no Brasil, os divinopolitanos receberam uma notícia boa. No mês em que se completa quatro anos que as obras do Hospital Público Regional Divino Espírito Santo estão paradas, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) confirmou na tarde de ontem que a finalização do Hospital Público está incluída no acordo que o Estado fará com a Vale. Zema revelou, ontem, o pacote de obras e ações, que totalizam R$ 645 milhões para auxiliar o Estado e municípios no combate à covid-19. O pacote inclui mais de 50 obras em todas as regiões do estado, para melhoria de estrutura e atendimento na área da Saúde, além da retomada do término de quatro hospitais públicos, incluindo o de Divinópolis. 

Em junho deste ano, completam-se 10 anos que o Hospital Regional começou a ser construído. A promessa era de que o prédio seria entregue em 2012, prazo que depois passou para 2014, e, posteriormente, 2016, mas hoje se deteriora em meio ao mato por causa tempo. Ao todo, já foram gastos R$ 60 milhões na obra, que está 60% pronta, e deveria custar em torno de R$ 100 milhões. A verdade é que a construção inacabada virou palanque político. Foi dali que muitos candidatos conseguiram se eleger e até mesmo se reeleger, usando a velha promessa de acabá-lo. Enfim, é possível ver um sonho começar a se tornar real. Enfim, é possível ver os 200 leitos funcionando e atendendo os 54 municípios do Centro-Oeste. Enfim, é possível vidas sendo salvas ali e que, talvez, a luta não foi em vão. Afinal, mesmo tardio, vidas serão salvas e é isso que conta, é isso que basta. 

Talvez, tenha sido preciso que o coronavírus mostrasse à humanidade o que realmente importa. Talvez a covid-19 tenha sido importante para mostrar às autoridades brasileiras que vidas importam, sim. Que não é possível dormir tranquilamente à noite, quando milhares de pessoas estão à espera de uma vaga em um Centro de Terapja Intensiva (CTI). Que não é possível dormir tranquilamente enquanto médicos escolhem quem morre e quem vive; quem tem respirador, ou quem não tem; quem tem atendimento médico e quem não tem. Talvez este seja o momento que a humanidade precisava. Doloroso, sem dúvidas, mas necessário. Mas, já diz o poeta: “não existe transformação sem dor”, “Não existe cura sem ciência”, “Não existe cura sem hospital”, “Não existe cura sem humanidade”. Demorou mais veio, ou virá, não importa. Ali, naquele espaço que deteriora hoje com o tempo, vidas serão salvas, famílias serão reconstruídas. 

O fim desta novela de 10 anos parece estar perto. O desejo de hoje é que tudo isso passe de promessa. O desejo é que a população veja este sonho virar realidade. Que os médicos salvem vidas naquele local; que os nossos representantes façam jus à população que os elegeu; que o povo tenha o que merece e o que precisa. O desejo é que o mundo se torne um lugar melhor e que aquele hospital tenha as suas luzes acesas e suas portas abertas, para o seu povo que anseia há anos por dignidade.  

 

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