Afastamento de delegados ainda não tem definição

Após nove meses muita coisa aconteceu na Polícia Civil, houve mudanças de cargos de chefia, mas existe apenas um inquérito

Gisele Souto

Nove meses se passaram e as investigações envolvendo os delegados da Polícia Civil (PC) Leonardo Pio e Ivan Lopes ainda continuam sem resposta. Desde o início de junho de 2020, quando foi deflagrada a operação “One Way”, até hoje, caminhando para abril 2021, não existe uma decisão. O que se tem é um inquérito que ainda não acabou e nada de novo ocorreu. Neste período, o então delegado regional, Leonardo Pio, após pedir sua exoneração do cargo de chefia, foi transferido e, há meses, atua na Delegacia da PC em Itaúna. Por sua vez, o delegado-geral Ivan Lopes e também superintendente de Informações e Inteligência Policial em Belo Horizonte pediu exoneração, foi realocado na Academia de Polícia e, agora, está em sua segunda função. Ele vai prestar serviços no Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Meio Ambiente também na Acadepol. Além disso, neste tempo ainda, o governador de Minas, Romeu Zema (Novo) trocou o comando da segurança no Estado. O ex-procurador de Justiça, Rogério Greco, assumiu no mês passado a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), no lugar do general Mário Lúcio Alves de Araújo. Também no processo, o diretor-geral da Polícia Civil, Wagner Pinto de Souza, que estava à frente do comando à época da operação, deixou o cargo. A exoneração teria sido a pedido do próprio delegado. 

Segredo de justiça

Mais de um mês depois das mudanças, não se tem nenhuma novidade sobre o caso envolvendo os delegados que atuaram por Divinópolis. 

O Agora pediu um posicionamento ao comando da PC sobre o andamento do processo. 

Por meio de sua assessoria de comunicação, a PC informou que as investigações tramitam em segredo de Justiça e esclarece que os fatos estão sendo analisados. Revela ainda que a Corregedoria-Geral da PC está acompanhando, junto ao Ministério Público (MP), as investigações na seara criminal e adotará as medidas necessárias à apuração na esfera administrativa, observando os princípios constitucionais aplicáveis à matéria. Encerra ressaltando que a PC não coaduna com esse tipo de comportamento e, a depender do resultado das investigações, os policiais poderão ser demitidos dos quadros da Instituição. Isso, caso reste provada a acusação.

O Agora também ouviu as defesas dos delegados. A de Leonardo Pio, Expedito Lucas, revelou que os inquéritos estão em trâmite, fase em que se ouve pessoas e pede declarações.

— Não há até hoje a denúncia, que seria o fato formal de início do processo. Nós estamos aguardando o surgimento de algo novo no autos — ressaltou. 

Já a de Ivana Lopes, representada por Antônio Bolina, considera o andamento um absurdo.

 —Não finalizaram até hoje o Procedimento Investigatório Criminal (PIC). Bloquearam a totalidade do patrimônio, sendo que o limite estabelecido pelo próprio Ministério Público é de apenas R$ 70 e poucos mil reais! Fiz um pedido de adequação da cautelar e aguardo decisão da Terceira Vara Criminal da Comarca de Divinópolis  — conta.

Operação 'One Way'

O objetivo da ação desencadeada pelo Ministério Público  foi identificar a prática de fraudes no credenciamento de fábricas e estampadoras de placas veiculares em Divinópolis e vários municípios da região Oeste. Visou também apurar a participação de diversas pessoas em crimes de cartel, lavagem de dinheiro, associação criminosa, prevaricação, entre outros.

No dia 6 de junho, um dia depois da operação, Leonardo Pio e Ivan Lopes foram exonerados dos cargos de chefia, como constou no Diário Oficial de Minas Gerais. Ouvidos à época, afirmaram que estavam tranquilos, que confiam na Justiça e na seriedade e transparência da Polícia Civil e do Ministério Público. Agora, expressam a mesma confiança.

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