Adultos jovens são os mais afetados pelo coronavírus

Divinópolis retrata esta realidade; embora a letalidade seja mais alta entre idosos, os mais jovens se contaminam mais

Paulo Vitor Souza 

O Brasil enfrenta uma escalada no número de contaminados e mortos pelo novo coronavírus nas últimas semanas. O país superou ontem os EUA e Reino Unido, e agora encabeça a lista da média diária de mortes pela infecção. Ainda sofrendo com a baixa testagem, viu a taxa de letalidade da infecção chegar à casa dos 5%, com 1.300 mortes de terça para ontem, e 772.416 mil casos positivos.

O grupo mais atingido pela doença, seguindo a tendência de outros países, continua sendo o de pessoas com histórico de outras comorbidades e idosos. O que não significa que a quantidade de doentes mais jovens não seja gigantesca. Fator preocupante, por se tratar da maior taxa.

Pobreza: fator de risco 

O número de internações entre crianças e adolescentes no Brasil também está acima de outros países que enfrentam a pandemia. De acordo com levantamento da Agência Pública, a desigualdade social ajuda a explicar este fator. Segundo o estudo, a maior parte de menores que morreram por covid moravam em periferias, favelas ou bairros pobres das capitais do país.

Minas Gerais

Embora confirme a performance nacional de mais mortes entre os idosos, o coronavírus em Minas tem maior incidência entre pessoas de 20 a 39 de idade. De acordo com o boletim epidemiológico de ontem da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), o estado tem atualmente 17.501 casos confirmados. Destes, 7.313 são de pessoas entre 20 a 39 anos. Outro grupo que também apresenta maior número de casos que os idosos é o de pessoas de 40 a 49 anos: 3.729 no total.

Os mortos chegaram a 409 ontem. Ainda segundo a SES, 7.816 mineiros já se recuperaram da doença. Outras 9.276 testaram positivo para a infecção e estão sob acompanhamento das autoridades de saúde.

Cidade

Divinopolitanos de 20 a 39 anos também são a maior parte netre os infectados. É o que reporta o boletim epidemiológico da Semusa de ontem. Este público representava 46.41% do total de notificações, ou seja, 1.145 de 2.467. Ainda sobre o perfil dos contaminados na cidade, de 684 casos notificados, 27% pertencem ao público de 40 a 59 anos.

A maior incidência de casos entre a população mais jovem pode ser explicada pela maior exposição destes indivíduos ao vírus, como aponta a infectologista infantil Juliana Bertoncini.

— Uma possível explicação seria por ser a população jovem economicamente mais ativa e estar seguindo menos as orientações de distanciamento social. Esta população, por ter retornado às suas atividades, mesmo parcialmente, está mais exposta — explicou.

O sinal de alerta está ligado na cidade, que registrou quatro mortes em uma semana. Com o aumento do número de infectados e mortos, surge o questionamento acerca de quando será o pico da doença. A volta da atividade comercial pode representar fator importante do aumento do contágio. Mas a infectologista afirma que a crescente de mortos no estado e na cidade está dentro das projeções para a doença.

— Os números de notificações, em Minas, principalmente, estão de acordo com as últimas projeções feitas, difícil afirmar, mas por isso o pico se daria em meados de julho. Havendo maior circulação de pessoas, com certeza aumenta a circulação deste e de outros vírus. É essencial que se tomem medidas de higiene rigorosas nos estabelecimentos, uso de máscaras pelas pessoas —  ressaltou Juliana Bertoncini. 

A médica ainda ressalta a sazionalidade de doenças respiratórias, muito comuns no outono e inverno.

— Estas épocas são sabidamente os períodos de maior circulação dos vírus respiratórios, então é um fenômeno, ao meu ver, natural — finalizou.

Informação também previne 

Nesta semana o Brasil se destacou mundialmente pela tentativa do governo federal de omitir dados da pandemia. Em meio à crescente de mortes, o país viu o site oficial do Ministério da Saúde (MS) sair do ar por várias horas. O número total de infectados e o número de óbito acumulados desde o início do surto também sumiram. A tentativa foi alvo de críticas nacionais e internacionais. Porém durou pouco. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou na última segunda-feira, 8, que o MS retomasse a publicação dos dados acumulados da pandemia. 

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