Adiamento e despedida marcam a reunião da Câmara

Maria Tereza Oliveira

Quando o vereador Sargento Elton (Patriota) protocolou o pedido de impeachment contra o prefeito Galileu Machado (MDB) pegou muita gente de surpresa. Todavia, o pedido ainda não foi lido na Câmara e pode ficar para 2019.

Tão logo o assunto chegou à Casa Administrativa, dos 17 parlamentares, cinco assinaram a favor do pedido, incluindo o próprio autor. Conforme o vereador presidente da Casa, Adair Otaviano (MDB), informou ao Agora, surgiram dúvidas jurídicas sobre o documento protocolado, por isso, ele não foi lido na reunião da Câmara da última terça-feira. Foi dado um prazo de dez dias para que as dúvidas fossem esclarecidas.

Todavia, na reunião de ontem o pedido novamente não foi lido para descontentamento de Sargento Elton.

Adiamento

O vereador que protocolou o pedido lamentou o adiamento da continuidade do processo.

— Infelizmente o procurador da Câmara Municipal pediu mais 48 horas e eu não sei qual foi o motivo. Talvez por alguma artimanha política, para votarem a Lei Orçamentária Anual (LOA) e entrarmos de recesso — conjecturou.

Para Sargento Elton, o ganho de tempo possibilita que o Governo, assim como os vereadores que o apoiam, possam ter a oportunidade de fazer o julgamento só em 2019.

— É mais uma manobra política para tentar beneficiar “o rei dos plebeus” — afirma.

Dúvidas

Tão logo Sargento Elton (Patriota) protocolou o pedido de impeachment, a oposição já se manifestou a favor da denúncia. Ao todo, cinco vereadores assinaram o protocolo do pedido de impeachment, sendo eles, Cleitinho Azevedo (PPS), Edson Sousa (MDB), Janete Aparecida (PSD), Roger Viegas (Pros), além do próprio Elton.

Todavia, isso fez surgir uma dúvida no processo. Em entrevista ao Agora, Adair explicou que o pedido não foi lido na reunião de terça, como manda o decreto 201/67, pois surgiram dúvidas jurídicas.

— Há algumas contradições no documento. Não ficou claro se o pedido é de autoria apenas do Sargento Elton ou se foi subscrito por outros quatro vereadores — revelou.

De acordo com Adair, se foi apenas um responsável pela denúncia, precisa ficar mais claro. Caso ele tenha sido subscrito por mais vereadores, falta a documentação destes, pois só constam os de um vereador.

— Foi dado o prazo de dez dias para que as irregularidades e dúvidas sejam corrigidas — destacou.

Pedido de impeachment

Sargento Elton pegou a todos de surpresa, principalmente o prefeito Galileu Machado, quando anunciou na semana passada que protocolou um pedido de impeachment contra o chefe do Executivo.

De acordo com o edil, a Denúncia de Infração Político-Administrativa baseou-se, entre outras circunstâncias, nas investigações feitas pelo Ministério Público (MP) sobre as negociações de cargos de confiança na Prefeitura.

Na ocasião, Sargento Elton teceu duras críticas ao Governo Galileu e disse que a população divinopolitana está sendo tratada com falta de respeito.

— Temos embasamento para entrar com pedido de impedimento administrativo do prefeito, baseado nas provas materiais e já confirmado pelo MP — salienta.

Prefeitura

A Prefeitura por meio da assessoria de comunicação disse que foi informada do pedido do Sargento através da imprensa. Afirmou que assim que for notificada e tomar conhecimento do ter das alegações tomará as providências necessárias. Disse também que em nenhum momento de furtará em responder as acusações. 

Adeus?

Em tom de despedida, o vereador recém-eleito deputado estadual, Cleitinho Azevedo (PPS) fez seu pronunciamento na reunião de ontem.

À reportagem, o futuro representante de Divinópolis na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) contou que sente ter cumprido seu dever na Câmara.

— Dentro da minha proposta do Legislativo, o que eu poderia fazer, fiscalizando e legislando, eu fiz — disse.

Ele destacou que além do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que era o assunto mais discutido na Casa ontem, outras questões demandam mais atenção do legislativo.

— A cidade tem muitos cargos comissionados. Tem muita coisa errada aqui dentro da Câmara também, muita coisa que pode ser cortada. Não adianta cobrar da população se a gente não está dando bons exemplos — criticou.

Cleitinho chegou a chorar quando lembrou de sua trajetória como vereador. Ele agradeceu a todos, desde os colegas, funcionários da Câmara, até a imprensa.

Casa nova

O novo deputado estadual prometeu fazer o seu melhor na ALMG, mas reconheceu as dificuldades que o espera.

— A gente sabe que vai encontrar o Estado quebrado, assim como todo país, então a economia precisa crescer. Mas a gente já sabia, então não adianta ficar se lamentando. Precisamos correr atrás de recursos — argumentou.

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