Acusação de servidor do Luto ao Samu termina em reunião e BO

Vídeo foi divulgado no último domingo; serviço negou acusações e diz que vai tomar providências, Prefeitura se pronuncia

Matheus Augusto

Uma situação inusitada ocorrida no último domingo, 31, se espalhou pelas redes sociais. No vídeo, um servidor do Serviço Municipal do Luto acusa o Samu de negar atendimento a uma paciente e orientar a família a acionar o órgão da Prefeitura para a remoção do corpo. O serviço nega e argumenta ter seguido todos os protocolos. 

No “desabafo”, o servidor detalha o caso:

—  A gente veio fazer um atendimento para remoção para a UPA. Fomos acionados porque teve o óbito aqui, no bairro Interlagos, porém, antes disso, o Samu já havia sido acionado pela família e negaram fazer o atendimento — conta.

Ele ainda cita que a família foi orientada a acionar o Serviço Municipal do Luto para fazer a remoção em caso de óbito.

— Chegamos aqui e já tinha uma viatura do Samu. Eles só vieram aqui depois que a família fez ocorrência na Polícia Civil. Agora, eles estão tentando reanimar a senhora. É um constrangimento para nós e para a família. Estamos aqui com a funerária do lado de fora sem saber se a senhora morreu ou não — citou o servidor.

O homem afirma que o Samu negou atendimento.

— Agora estão passando aperto tentando reanimar a senhora. É o que eu falo: na hora de ligar para o Samu, eles não vem, fazem esse papelão. A família está toda constrangida — reforçou.

Por fim, ele destaca os desdobramentos que a suposta negligência poderia gerar. 

— E se a gente remove o corpo para dentro do carro da funerária com essa senhora viva? Como ficaria essa situação se ela acordasse no momento da remoção? Faço essa pergunta a vocês — reflete.

Não fala em nome da Administração

Em nota na manhã de ontem, a Prefeitura se manifestou sobre o caso. 

— Assim que a Administração tomou conhecimento do fato solicitou ao agente funerário que fizesse o registro da situação, para posteriores deliberações e alinhamento junto ao Samu em reunião envolvendo todas as partes. Com relação ao vídeo postado pelo agente funerário, ele emite uma opinião pessoal, não respondendo em nome da Administração Municipal. Nenhum vídeo foi vinculado com autorização do atual governo — destacou.

Acusação caluniosa

Com a repercussão do caso e as acusações de negligência, o Samu se manifestou na tarde de domingo. Segundo o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Ampliada Oeste para Gerenciamento dos Serviços de Urgência e Emergência (CIS-URG Oeste), responsável pela administração do serviço, a equipe foi acionada às 6h21. Durante a ligação, “a solicitante, filha da vítima, informou, tanto para a atendente quanto para a médica reguladora, que havia aferido a pressão arterial e não encontrou pulso”. Ela ainda descreveu que “a senhora estava fria e sem cor, situação totalmente condizente com óbito”.

— Considerando o parecer do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais nº 55/2018, que tem como ementa que não é atribuição dos médicos do Samu atender a acionamento para constatar óbito e emitir Declaração de Óbito em casos de morte sabidamente natural, de conhecimento prévio à chamada, a médica reguladora orientou a solicitante que o Serviço Municipal de Luto deveria ser acionado — explicou o órgão. 

Cerca de 25 minutos após a primeira ligação, um novo chamado: “os familiares queriam informações de como deveriam agir para conseguirem a Declaração de Óbito e a filha reafirma que a senhora já estava em óbito”. A resposta, novamente, foi a mesma: o Luto deveria ser acionado.

Às 7h40, a Central de Regulação foi novamente acionada, através de um número de telefone diferente e sem qualquer menção às ligações anteriores. O responsável informou que a vítima estava sofrendo uma convulsão e tremendo na cama. O médico identificou a necessidade do empenho de ambulância, pois, com base na descrição, se tratava de crise convulsiva, “o que caracteriza um caso de atendimento do Samu”. 

Ao chegar ao local, conforme o Samu, a equipe encontrou a vítima em Parada Cardiorrespiratória (PCR). As manobras de ressuscitação foram iniciadas, “seguindo os todos os protocolos de atendimento, porém, sem nenhuma reação da paciente, o que caracterizava óbito já antes da chegada das equipes”. 

— A Central de Regulação em momento algum foi informada pelo solicitante dos contatos feitos anteriormente para a constatação deste óbito. Nesse tempo da tentativa de reanimação, o Serviço Municipal do Luto chegou — informou o CIS-URG.

O consórcio ainda informou não ter conhecimento de qualquer boletim de ocorrência contra o Samu. O serviço ainda promete tomar “as devidas providências dando continuidade às apurações do caso”. 

— Nesta segunda-feira, 1º de fevereiro, será lavrado um boletim de ocorrência contra o funcionário da Prefeitura que gravou este vídeo afirmando que o Samu não faz atendimento — finalizou o comunicado.

 

 

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