Acccom arcará com medicação não repassada pelo Estado

 

Maria Tereza Oliveira

Pacientes com leucemia, num total de 72, terão os medicamentos cedidos pela Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas (Acccom), que irá auxiliar no custeio do medicamento Imatinibe 100mg no próximo mês. A novidade foi divulgada ontem em coletiva. Entretanto, 90 pacientes com câncer de mama, ainda estão sem previsão de receber o medicamento Trastuzumabe 150mg e com risco no tratamento oncológico.

O Governo Zema (Novo) anunciou no último dia 10, que dois medicamentos oncológicos utilizados no tratamento de leucemia e câncer de mama não seriam ofertados para o Hospital do Câncer. A situação continua tirando o sono dos divinopolitanos que sofrem com as doenças.

Tão logo o corte foi anunciado, a superintendente geral do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), Elis Regina Guimarães, revelou que o desfalque irá impedir que os pacientes sejam tratados e os vereadores não pouparam o governador Romeu Zema (Novo).

Salvando o mês

Na coletiva de ontem, a Acccom revelou que devido à situação comunicada pela Superintendência de Assistência Farmacêutica SES, interveio e, pelo menos em maio, os pacientes com leucemia não terão o tratamento interrompido.

Conforme informou a Acccom, os recursos cedidos são provenientes de uma reserva da instituição que tem como intuito, ser uma fonte de emergência para ajudar o Hospital do Câncer.

Em entrevista ao Agora, o presidente voluntário da Acccom, Wilson Martins de Freitas, explicou que a princípio o auxílio será por um mês. De acordo com Wilson, é uma medição de alto custo, avaliada à R$ 84 mil por mês.

— A decisão foi tomada em uma reunião com a diretoria. Os medicamentos serão adquiridos com recursos próprios para não deixar que os pacientes não fiquem sem tratamento — salientou.

O presidente reforçou que a responsabilidade do fornecimento dos medicamentos seria do Estado e, que na falta deles, coube à Acccom cobrir os gastos para que os pacientes não perecessem.

Todavia, a instituição deixou claro que irá cobrar as responsabilidades.

— No próximo mês o tratamento está garantido, todavia, esperamos que não falte remédios e que eles cheguem no prazo prometido pelo Estado, até final deste mês. Em todo caso, estamos nos organizando e reunindo esforços para garantir o acesso dos pacientes à medicação. Entretanto, não seja regularizado na data, entraremos com mandato de segurança pública — ameaçou.

90 continuam prejudicados

Apesar da situação dos pacientes com leucemia ter um respiro, as pessoas que sofrem com câncer de mama ainda tem de lidar com a falta do Trastuzumabe 150mg e correm o risco de ter o tratamento interrompido.

Este medicamento só pode ser fornecido pelo Governo de Minas. O valor do remédio é de aproximadamente R$ 800 mil a R$ 900 mil por mês.

O secretário de Saúde, Amarildo Sousa salientou que não é viável que o Município compre os medicamentos.

— Se o Município tiver a intenção de comprar, precisa abrir um processo licitatório que é de no mínimo de seis meses. Os pacientes estão sem alternativa— alertou.

Corte

Foi através de um comunicado enviado pela Superintendência de Assistência Farmacêutica da Secretaria Estadual de Saúde (SES). O texto informa anuncia que está autorizado os pedidos para os medicamentos oncológicos.

Os dois remédios em desfalque no Estado são Imatinibe 100mg e Trastuzumabe 150mg.

— Todavia, comunicamos que estamos com estoque zerado de Imatinibe 100mg e, por esse motivo, medicamentos não serão enviados. Trastuzumabe 150mg também se encontra com estoque reduzido na SES e, dessa forma, não conseguiremos atender toda demanda dos hospitais — destaca.

O comunicado é assinado pela diretora de Medicamentos de Alto Custo, Alice Martino de Carvalho.

CSSJD

Em entrevista ao Agora, a superintendente geral do CSSJD, Elis Regina, falou sobre os impactos que o corte causará.

Elis revelou ter notificado a Câmara, promotores de saúde, Prefeitura e a Acccom sobre o desfalque, quase que imediatamente.

— Os medicamentos iriam ficar em falta até segunda ordem. São remédios muito caros, nós não temos condições de comprar para fornecer aos pacientes — alertou.

Elis ainda explicou que a cada trimestre o Estado entrega os medicamentos que serão usados pelo período de três meses.

— É uma tragédia porque efetivamente os pacientes vão parar de receber tratamento — lamentou.

Governo estadual

Na semana passada, surgiu a informação de que o desfalque seria maior do que o anunciado previamente. Por isso, a reportagem foi atrás do Governo do Estado e questionou quais os medicamentos faltarão no Hospital do Câncer, qual previsão de reposição e quais tipos das doenças são tratadas com os remédios.

Como resposta, o Estado revelou que para o atendimento aos pacientes com câncer é realizado por um programa específico, que visa ao atendimento especializado, inclusive com o fornecimento de medicamentos.

Porém, foi explicado que as Secretarias de Estado de Saúde não fornecem medicamentos contra o câncer diretamente à população pelos seus programas de assistência farmacêutica.

— Estes são fornecidos pelos hospitais credenciados e habilitados como centros/unidades de assistência em oncologia, de acordo com a tabela de procedimentos quimioterápicos do Sistema Único de Saúde (SUS) — justifica.

Em resumo, os estabelecimentos de saúde habilitados em oncologia pelo SUS são os responsáveis pelo fornecimento de medicamentos oncológicos que neles, livremente, se padronizam, adquirem e prescrevem.

 

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