A vida é breve

Augusto Fidelis 

Lucius Annaeus Sêneca nasceu em Córdoba (Espanha) no ano quatro antes da Era Cristã. Foi educado em Roma e, em pouco tempo, tornou-se famoso como advogado e ascendeu politicamente,  tornando-se  membro do senado romano e depois nomeado questor. 

Foi conselheiro dos imperadores Claudius I e Nero. Quanto a Nero, Sêneca converteu-se em seu principal conselheiro e tentou orientá-lo para uma política justa e humanitária. Durante algum tempo, exerceu influência benéfica sobre o jovem, mas aos poucos foi forçado a adotar atitudes de complacência. Por fim, Nero o condenou ao suicídio, por volta do ano 65 da Era Cristã. Escreveu diversas obras, dentre elas “Sobre a brevidade da vida”.

Na sua obra, Sêneca distingue o corpo da alma. O corpo é que prende a alma e a alma é onde está o verdadeiro homem. Para que a alma se torne pura, ela tem que se libertar do corpo, que é o peso que prende a alma nas coisas materiais. A alma tem uma parte racional e outra irracional. A parte irracional é dividida em duas, uma das paixões que é irascível e ambiciosa e outra humilde que é branda e que busca o prazer.

Por acaso, acabo de manter contato com esse livro: “Sobre a brevidade da vida” e fiquei encantado com um pensamento tão perene. Por exemplo: “Quem vive na tranquilidade, que seja mais ativo; quem vive na atividade, que encontre tempo para descansar. A natureza te lembra que fez o dia e a noite”.

Lembra o filósofo que devemos nos comportar com os nossos inferiores como gostaríamos que nossos superiores se comportassem conosco. O amor e a fraternidade é que devem fundamentar a relação entre as pessoas. E acrescenta: “O que pode dar valor e nobreza a uma pessoa é somente a virtude, e essa todos podem ter. Na sociedade, o que define se alguém vai ser escravo ou nobre é somente a sorte do nascimento. Em sua origem, todos os homens eram iguais”.

“Sobre a brevidade da vida” é a obra mais conhecida de Sêneca, na qual ele aborda o real significado da vida em relação ao seu rápido transcurso temporal. Dessa forma, o filósofo adverte que o problema não é a velocidade do fluxo vital, fonte de lamentos para muitos, mas, sim, a forma como se utiliza o tempo.

Fernando Pessoa faz coro com Sêneca: “O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela”. Nesta mesma linha, admoesta Santo Agostinho: “Aprenda como se você fosse viver para sempre. Viva como se fosse morrer amanhã”. E mais:  “Deve-se aprender a viver por toda a vida, e, por mais que tu talvez te espantes, a vida toda é um aprender a morrer”.

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