A velha desigualdade

O Brasil recebeu mais uma notícia devastadora nesta semana, que, no mínimo, deve nos fazer repensar as nossas atitudes, os nossos pensamentos, mas, principalmente, o que nós queremos para o nosso país. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra Domicílios Contínua (Pnadc), que trata de todas as fontes de rendimento, divulgada nesta quarta-feira, 16, pelo IBGE, a concentração de renda aumentou fortemente no ano passado. Os mais ricos no país acumularam ganhos, enquanto os mais pobres sofreram com queda nos rendimentos e nas condições de vida. Em outras palavras, o rico ficou mais rico, e o pobre ficou mais pobre. Ainda segundo a pesquisa, a renda média do 1% dos trabalhadores mais ricos subiu de R$ 25.593 para R$ 27.744, alta de 8,4%. Já entre os 5% mais pobres, o rendimento do trabalho caiu 3,2%. Nesse grupo, o ganho mensal baixou de R$ 158 para R$ 153.

O Brasil está entre os 15 países mais desiguais do mundo e entre os 10 que menos retorna para o seu povo o imposto arrecadado. Ainda conforme o IBGE, uma das razões para o aumento da desigualdade em 2018 foi a elevação da precarização do mercado de trabalho, com o avanço dos empregos informais. De acordo com o instituto, os trabalhadores com menor qualificação e menor remuneração foram os mais afetados pelo fenômeno. Para agravar um pouco mais a situação, a cobertura do programa do governo federal “Bolsa Família” caiu nos últimos anos. Quem tem um pouco de bom senso e consegue pensar além do seu próprio umbigo, se compadece e se desespera com a situação. Paramos no tempo! Ou melhor, retrocedemos no tempo.

O IBGE define a situação como histórica: “A desigualdade brasileira é algo histórico, bastante forte. Com esse aumento (da desigualdade), permanecemos como um país com um índice bastante complicado e que persiste”. É triste! Andamos em círculos. Engana-se quem pensa que esta situação é exclusiva do Nordeste ou do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha. Em Divinópolis, 190 famílias vivem em situação de extrema pobreza. Ou seja, a renda per capita não ultrapassa R$ 85. Elas integram também a lista do Bolsa Família e recebem por mês R$ 120,21. Diante destes dados, é impossível não afirmar que nós não nos perdemos.

É impossível ainda afirmar que estamos no caminho certo, continuar idolatrando qualquer político. Seja ele de direita ou de esquerda. Eles erraram. Nós erramos. Não nos representam. Apenas a si mesmos e fazem parte do 1% mais rico, que recebe 12,2% de todos os rendimentos no país, enquanto a dona Maria, de um bairro sem esgoto, sem luz, sem infraestrutura, recebe R$ 120 por mês. Mas desigualdade não para apenas na economia, ela passa também na racial. De acordo com a pesquisa, as disparidades de rendimento são grandes entre brancos e negros. O trabalhador branco recebe 75% a mais do que pretos e pardos.

Ao ler este texto, você pode se perguntar se estamos no século passado, mas não estamos! Essa é nossa desigualdade, nossa realidade em 2019. E temos milhares de apoiadores!

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