A semana que não houve

Raimundo Bechelaine

Celebra-se neste ano o nascimento oficial do estado de Minas Gerais. Há trezentos anos, em dois de dezembro de 1720, era criada a Capitania das Minas Gerais. Por decreto do rei de Portugal, foi desmembrada da então Capitania de São Paulo e Minas do Ouro.

Por infeliz coincidência e por obra e graça da peste da covid-19, fomos tristemente privados, justamente neste ano, de uma das nossas manifestações culturais mais marcantes, a chamada “semana santa”. A força mística e mágica dos seus rituais e simbolismos, repetidos a cada ano, ao longo dos séculos, criou uma eficaz pedagogia, que foi capaz de plasmar um dos traços mais profundos do perfil psicológico e humano da mineiridade. As variadas solenidades e celebrações, que compõem a sua programação tradicional, sempre reuniram multidões atentas e contritas, em todas as cidades, distritos e povoados do estado. Em localidades como São João del-Rei, Prados e outras cidades coloniais, sob a bela moldura dos cenários do barroco constituem forte atração turística. Na Diocese de Divinópolis, as paróquias de Itapecerica e Carmo do Cajuru celebram a Semana Santa com especial esmero e espírito popular de resistência às tentativas de descaracterização. 

Todavia, neste pestilento ano de 2020, ela ficará na história como a semana que não houve. E todos, mesmo as pessoas não religiosas, experimentamos a sensação de um vazio interior, sentimos a sua falta. Quem sobreviver à peste poderá celebrar a Semana Santa do ano 21.  

Porém passemos adiante. Nesta semana que transcorre, duas datas nos lembram o papa emérito Bento XVI. Ele nasceu no sudeste da Baviera, na cidade de Marktl, às margens do Rio Inn, na Alemanha, aos 16 de abril de 1927. Completa, portanto, 93 anos e o aniversário é hoje. Mas foi também em abril, dia 19, em 2005, que ele foi eleito papa. Domingo próximo, completam-se quinze anos passados, desde o dia em que o cardeal Joseph Aloisius Ratzinger foi anunciado ao mundo como o novo papa e bispo de Roma. Tinha atingido, três dias antes, a idade de 78 anos.  Exerceu a missão até fevereiro de 2013, quando abdicou ao pontificado. 

Sua renúncia e o nome escolhido para sucedê-lo foram duas grandes surpresas. Desde então, ele vive discretamente. Reside no interior do território do Vaticano, dedicado à oração e ao estudo, certamente pesquisando e escrevendo sobre temas teológicos. Pois está inteiramente lúcido e é considerado um grande teólogo. [email protected]

 

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