A responsabilidade é de todos nós

Bastou uma loja conhecida em Divinópolis abrir por alguns dias para que a população fosse em peso para o estabelecimento, contrariando as recomendações do Ministério da Saúde e da Prefeitura. Bastou um deslize para que muita gente saísse desenfreada para ruas, como se não houvesse uma pandemia sendo enfrentada. Bastou esta afronta de alguns para que os politiqueiros de plantão começassem a responsabilizar os governos do País, do Estado e a Prefeitura pelo fato, esquecendo-se de um simples, mas importante detalhe: quem lotou a loja, o povo ou seus representantes? Sem sombra de dúvidas,  a Covid-19 chegou e exigiu muito das pessoas, das nações. O coronavírus veio com força total e exigiu responsabilidade, paciência, competência e pulso firme. Mas tudo isso não foi exigido apenas dos governantes, mas também do povo, pois de nada adianta eles trabalharem duro, dia e noite para controlar uma pandemia e evitar danos que muitas vezes podem ser irreparáveis, enquanto o povo brinca de tirar férias. 

A população brasileira insiste em trocar dados científicos por paixão religiosa, por opiniões de terceiros, e por, principalmente, minimizar a Covid-19. Ora, não dá para agir como São Tomé, em um momento desse. Trocam vidas por dinheiro e pela obsessão do consumo desenfreado. Isso como se a vida tivesse seguindo o seu curso normal, como se nada estivesse acontecendo. Ameaçam suas vidas e a dos outros. Não há empatia, muito menos responsabilidade afetiva. O Brasil já tem 507 mortes causadas pelo coronavírus. Mais de 11,5 mil pessoas estão com a doença. Aquela história de que o incômodo só mata pessoas em grupo de risco, como idosos e portadores de doenças crônicas, já caiu por terra. Jovens estão morrendo pelo vírus. E aí, a culpa disso tudo é de quem? Do governo? Da Prefeitura? Dos governantes? Ou do povo, que insiste em se comportar como se tudo tivesse na mais perfeita harmonia?

Mas tudo isso é reflexo do momento que o Brasil atravessava. Nos últimos anos, o povo brasileiro adotou uma postura individualista, que trouxe danos à coletividade. Talvez a Covid-19 tenha vindo para mostrar que a população é tão responsável pelo bem de uma nação quanto os seus governantes. A começar pelos votos que são vendidos ou trocados em épocas de eleição. Em tempos de crise são necessárias pessoas preparadas para trabalhar. Discursos bonitos não salvam vidas. Um voto vale muito. Um eleitor vale muito. Uma escolha vale muito. Hoje, Divinópolis vê o reflexo de suas escolhas. Há políticos atuando em prol da cidade, mas também há aqueles que “só jogam para a galera”, e tudo isso é reflexo da escolha de quem? Do povo. Se havia aglomeração de pessoal na tal loja, se as filas de bancos estão lotadas, os responsáveis não são os governos ou o prefeito. É a escolha de um povo que brinca de estar de férias, enquanto se tenta conter a pandemia que matou milhares mundo afora. Talvez, mas só talvez, seja a hora de cada um ter a sua responsabilidade. Ou todos se juntam, ou todos serão responsabilizados pelo que pode vir em um futuro bem próximo. 

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