A reboque

 Diz o ditado que políticos e feijão só na pressão. E a pressão não precisa vir necessariamente de protestos. Pode vir também das circunstâncias. Da falta de dinheiro, por exemplo. O problema é que, quando os eleitos agem, costuma ser tarde, muitas vezes tarde demais. O exemplo mais claro é uma série de prefeitos só cortando despesas agora que as prefeituras estão quebradas.

 O que é um bom gestor?

 Administrar com dinheiro é fácil. Na falta dele, é que o craque se revela. Ser um bom gestor é administrar bem independentemente da situação. A crise econômica não é novidade para ninguém. Está aí desde 2015, pelo menos. E por que os prefeitos não agiram antes?

 A dívida eleitoral

 Os chefes de Executivo, em sua maioria, não agiram antes porque implicaria em demitir pessoal. A folha de pagamento é o maior peso de todas as administrações. E, claro, só daria para demitir cargos de confiança. Mas quem acompanha de perto sabe que os candidatos praticamente vendem a alma para o capiroto para ganhar uma eleição. Quando sentam na cadeira, têm uma lista entupida de nomeações a fazer para pagar promessas de campanha. Demitir resultaria, portanto, em criar automaticamente dezenas, centenas de inimigos e, de quebra, ainda perder apoio de vereadores. Outro detalhe relevante: em muitas cidades, a Prefeitura é a maior empregadora.

 É só buraco

 Se serve um pouco de consolo para o divinopolitano, quem percorre os municípios da região constata a mesma coisa: as ruas das cidades estão com mais buracos do que habitantes. Se bem que ser nivelado por baixo não deveria deixar ninguém confortável.

 IPTU, a saga

 Falando em buraco (mas nas contas), a Prefeitura de Divinópolis partiu para a briga para reajustar o IPTU. Desta vez, porém, adotou uma tática mais inteligente, já usada em outras cidades. Antes de simplesmente tentar impor o projeto, a administração está expondo as distorções na cobrança do imposto.

 IPTU, o salvador

 É nítido o grande empenho da gestão municipal por aprovar o IPTU. Em tempos de vacas magras, quaisquer milhões a mais ajuda. E se ajuda... A grande questão é: o momento. Os divinopolitanos, assim como a maioria dos brasileiros, estão furibundos com o desastre na prestação dos serviços públicos (municipais, estaduais e federais). Como convencê-los de que dar mais dinheiro ao poder público vai resolver? A conferir.

 Bons exemplos

 Enquanto a maior parte dos prefeitos mineiros não tem ideia de como pagar o 13º salário, algumas cidades surpreendem positivamente. Bom Despacho, Piumhi e Candeias, por exemplo, pagam na próxima sexta-feira, 14. Ou seja, uma semana antes do fim do prazo legal: 20 de dezembro. O que as gestões destas cidades fizeram que as outras não fizeram? Está aí um bom dever de casa para os prefeitos que não conseguirão quitar o 13º neste ano.

 Mais notícia ruim

 Com a maioria das prefeituras em situação de penúria, ontem veio mais informação negativa. Segundo a Associação Mineira de Municípios (AMM), apesar da mobilização da gestão da entidade e dos 400 prefeitos reunidos em assembleia na terça-feira,“o Estado continua confiscando os recursos constitucionais da cota-parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos municípios mineiros. No repasse de ontem (11 de dezembro), o Governo transferiu apenas 57%do valor devido, ou seja, R$ 200 milhões dos R$ 347 milhões que deveriam ter sido repassados aos 853 entes de Minas Gerais”. Até o início da noite de ontem, o Estado não havia se pronunciado.

 Interino

 Nos próximos dias, substituo a jornalista Gisele Souto na Coluna Preto no Branco.

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