A poesia é necessária?

Da Redação

Em “A Poesia é Necessária”, Rubem Braga reúne poemas por ele próprio selecionados. Considerado, senão o maior, um dos maiores cronistas brasileiros, o “velho Braga”, como passou a ser chamado, manteve uma seção, com esse nome, de 1953 a 1956, na revista Manchete. De 1979 a 1990, ano de sua morte, manteve uma coluna na revista Nacional, tabloide que circulava encartado nos Diários Associados. O que Rubem Braga reuniu, nesses dois períodos, acabou por constituir uma antologia da produção poética, do gênero lírico, desde padre Anchieta. O livro é organizado por André Seffrin.

Autor de poemas em prosa, Rubem Braga é um poeta sem versos. Sua obra é prosa em linguagem poética, tamanha a sua sensibilidade de inspiração, beleza da forma e ritmo. Ter alma de poeta é um estilo de vida, é ter uma percepção da face oculta das coisas. Não é objeto de pesquisa, mas de recriação, recriação do mundo. À maneira do arquiteto, o poeta cria seu universo, dentro da sua visão. Enquanto alguns sonham alto, outros agem à sorrelfa, procurando levar vantagem em tudo. Sem espaço para a cultura e a poesia. Sem espaço para a doce poesia do Natal.

É desiderato meu seguir o moto do poeta francês Charles-Pierre Baudelaire (século XIX): Sê sempre poeta, mesmo escrevendo em prosa. “Sois toujours poète, même en prose.” “O poeta é um ruminante de palavras”, à maneira de Afonso Ávila. O filósofo e o cientista perscrutam: aquele, o sentido da vida; esse, os mistérios do universo. O poeta faz dos mistérios seu enlevo, em parceria com o músico que os tempera na têmpera de sons: melodiosos, harmoniosos, rítmicos.

Na internet sempre aparece o nome do cantor. Nem sempre o nome do compositor, quando distinto do cantor. Os próprios cinéfilos nem sempre guardam o nome do responsável pela direção de um filme. Da mesma forma em novelas televisivas. Em suma, a música agrega valor artístico à poesia; a letra, à composição. O elenco interage com o diretor.

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