A paciência é azul

Domingos Sávio Calixto - CREPÚSCULO DA LEI – XCVII 

O azul é considerado a cor da serenidade. Também é considerado como signo didático funcional de oposição ao (cor) rosa naquilo em que os conservadores se apegam para separar “os meninos das meninas”.

É com base nesse conservadorismo simbólico que o novembro azul seguiu-se ao outubro rosa, sendo este com preocupações para o nefasto câncer de mama e aquele para o igualmente nefasto câncer de próstata.

Ora, o novembro é azul, mas não há serenidade alguma que suporte as ofensas proferidas pela idiotice, ignorância, arrogância, imoralidade, incompetência, mau-caratismo e estupidez que insistem em povoar a atual presidência. Isto em referência aos fatores subjetivos, mas existem os fatores objetivos que pedem ali a urgente atitude investigatória de crime organizado e crime institucionalizado.

Não se pode aceitar que conluio algum sustente uma marionete que tenha a ousadia de chamar os brasileiros de “maricas”, muito menos que ela – a marionete – se refira à Presidência da República como “desgraça”, ou que saia por aí invocando a pólvora (chinesa) para resolver conflitos e – paradoxo – evitando a vacina (chinesa) que poderia diminuir as mortes (?).  Essa marionete já “encheu o saco”, já passou dos limites admissíveis em uma democracia – é certo que está à serviço do capital e que a elite financeira do país vem se enriquecendo, mas paciência tem limite. É muita imbecilidade e babaquice a envergonhar uma nação.

Basta acessar a mídia e lá está o desfile da ignorância, proferindo bravatas a esmo. É uma ofensa ao povo brasileiro ser chamado de “maricas” por conta de sua preocupação e cautela em relação à pandemia. Uma ofensa após outra, permanentemente. É ultrajante ver as mortes caminhando paulatinamente para os 200 mil cadáveres. É revoltante ouvir que “todos vão mesmo morrer um dia!...”. Um absurdo!... Espera-se de uma liderança um mínimo de respeito, pelos menos aos que vão morrer, já que não há respeito algum pelos que já se foram.

Claro que a rejeição ao termo “maricas” não significa nenhuma ofensa aos homoafetivos, muito pelo contrário, é também em respeito a eles, já que a conotação dada pelo títere é correspondente ao significado de fraqueza e covardia em tom de chacota e sarcasmo, ou seja, ofensivo a todos que se preocupam com a doença.

É de tudo inaceitável. Qual fundamento constitucional toleraria uma aberração destas? Qual lei democraticamente promulgada permitiria um despudor desses? Nenhuma providência? Estariam as instituições sedadas? Amordaçadas? O que está havendo, afinal?

Chega! Basta! 

Não há próstata que aguente! E citando lá de Maranguape – CE o saudoso Capistrano de Abreu (1853 – 1927) ao elaborar sua Constituição de artigo único: “Todo brasileiro fica obrigado a ter vergonha na cara”. Revogam-se as disposições em contrário.

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