A música e o cérebro

Ômar Souki

Será que algo tão sutil como a música clássica pode influir em nossa criatividade? Ao desfrutar do café da manhã – que alimenta meu corpo – busco também fortalecer meu espírito com a leitura de textos motivacionais e mergulhar minha alma na suavidade sonora dos grandes mestres. Mas, às vezes, tenho a tentação de antes dar uma olhada no WhatsApp. E foi o que aconteceu. Assim que abri uma das mensagens, vi que se tratava de notícia sobre políticos corruptos. Comecei a ver o vídeo, mas logo me lembrei de que aquela não era uma boa hora de ter raiva (aliás, nenhuma hora é boa para se ter raiva...). Passei logo do WhatsApp para o YouTube e me sintonizei com Mozart e Beethoven. Eu – que estava prestes a me estressar – fui resgatado pela genialidade dos clássicos.

Senti leveza e paz de espírito, tanta que decidi escrever sobre esse assunto. Assim como más notícias e pessoas ruidosas e reclamonas podem contaminar nosso dia, também a serenidade da música clássica pode fazer com que iniciemos a nossa jornada com o pé direito. O período da manhã tem enorme influência sobre nosso bem-estar. Algo negativo que acontece no início do dia é como aquela pedrinha que atiramos nas águas tranquilas de um lago: cria ondas que agitam toda a superfície. Se nos chatearmos logo cedo, corremos o risco de carregar a irritação pelo resto da jornada. O contrário também é verdadeiro. Ao criarmos um estado mental positivo nas primeiras horas, nos preparamos para desfrutar melhor do nosso tempo e sermos mais produtivos.

Vários estudos comprovam que a música tem um efeito positivo em nosso cérebro fazendo com que libere dopamina, neurotransmissor conhecido como o “hormônio do prazer”. Mais dopamina, mais emoções positivas. Claudemir Oliveira, autor do livro “Você já “comeu” água?” (psicologia positiva), editora Seeds of Dreams, cita pesquisas comprovando que essas emoções ampliam nosso repertório de pensamento e ação. De acordo com ele: “As evidências sugerem que emoções positivas podem melhorar o bem-estar psicológico, e, talvez, também a saúde física... Emoções positivas constroem resiliência psicológica e desencadeiam espirais ascendentes para a melhoria do bem-estar emocional... Aumentam a probabilidade de que as pessoas se sintam bem no futuro” (páginas 168-170).

Uma das maneiras de cultivar emoções positivas é justamente começando bem o nosso dia: lendo coisas agradáveis e escutando música suave. Com essas duas presenças em meu cotidiano, aumenta a probabilidade de que eu viva mais e melhor. Entro em um estado chamado de fluxo (flow) em que a criatividade deslancha, os neurônios se alinham em uma só direção, vivo o aqui e agora com mais intensidade e as emoções positivas tomam conta.  

 

Portanto, em vez de, logo cedo, abrir o seu “zap zap” e naufragrar em um oceano de negatividade, navegue em direção às emoções positivas, lendo algo agradável e se inspirando na genialidade dos clássicos.

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