A luta continua

Editorial 

Existe uma passagem no livro “O Pequeno Príncipe” que diz assim “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, e esta é a mais pura verdade. Tudo nesta vida tem ação e reação. Você é livre para escolher o que quiser, mas também terá que lidar eternamente com as consequências destas escolhas. Hoje, o Brasil está vivendo as consequências de escolhas – irracionais – feitas nas eleições em 2018 e no início da pandemia da covid-19. A segunda onda do coronavírus, que está matando mais que a primeira, e a falta de expectativa de vacinação da população e de planejamento estão aí para mostrar que o país não tem líderes responsáveis, e muito menos uma população consciente. Hoje, o povo está apenas colhendo o que plantou. O comércio corre mais uma vez o risco de ser fechado, os leitos covid das UTIs dos hospitais estão lotados, o nível de contágio voltou e, em meio ao terror se instalando mais uma vez, os brasileiros veem outros países já começando a vacinação contra o coronavírus. 

Se há uma luz no fim do túnel, como estão dizendo por aí, ela com certeza não é para o Brasil. A cada fim de semana os relatos de aglomerações em bares, sítios e casas só aumentam. O povo simplesmente quer agir como se a covid-19 não existisse. E, enquanto a população adota esta postura, a nação fica cada vez mais distante de ser voltar a ser realmente livre. Enquanto o povo adota este tipo de postura, muitos inocentes pagam pelos pecadores, ou, em outras palavras, muitos idosos, muitas pessoas pertencentes aos grupos de risco pagam uma conta que não é delas. E é assim, dia após dia, desde o início deste desastre humano, que os brasileiros vêm vivendo. Alguns pagando contas que não são suas, outros lutando diariamente para levar o pão de cada dia para casa, pois o país não tem economia que aguente tudo fechado por muito tempo, isso sem contar as ações dos governos (federal/estadual/municipal), que são tiros nos escuro. A cada nova atitude, a cada nova normativa da saúde, o que se tem é apenas a esperança de que se esteja no caminho certo. 

Desde o início disso tudo, em março deste ano, o que se foi pedido ao povo brasileiro foi: responsabilidade, empatia e senso de coletividade. Hoje, ao ver o caminho que o país está trilhando, nota-se que nada disso foi feito. O brasileiro não conseguiu lavar as mãos, higienizá-las, constantemente, usar máscara e evitar aglomerações. O país falhou miseravelmente. Falhou com os seus governos e com as atitudes do seu povo. No início da pandemia, quando tudo ainda era romantizado, o que se esperava era que a humanidade saísse disso mais empática, mais humana, menos egoísta. Que desastre! Tudo está exatamente igual! Arrisca-se a se dizer que tudo está pior, pois uma pandemia era justamente o que a humanidade precisava para escancarar a sua podridão. 

A luta pela vida e pela sobrevivência continua. O desejo de responsabilidade e empatia insiste em dar a esperança que há uma luz no fim do túnel, não apenas para a Europa, seus países e outros. Por aqui, a esperança ainda é a última que morre.

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