A liderança de Jesus

Ômar Souki

Meu amigo Javier Casademunt me presenteou com uma obra que acabara de publicar: “A liderança do monte do amor – As chaves da influência de Jesus” (Fé Editora). Javier reside em São Paulo. É diretor da Esade Business School e fundador do Love Hill Institute para o desenvolvimento de lideranças. Comecei a leitura me perguntando se seria apenas mais um daqueles livros que enfatizam o estilo de liderança servidora. Mas fui surpreendido por um modelo de gestão original, no qual o autor sugere que é necessário que haja uma mudança radical na pessoa para que ela consiga – na prática – seguir o exemplo de Jesus: “O líder no amor deve retirar-se e pedir a Deus esse autêntico autoconhecimento que só Ele pode oferecer por meio de oração e meditação, fazendo, graças a esse autoconhecimento, um inventário moral dele mesmo, reconhecendo suas fortalezas e suas debilidades” (p. 34).

Sugere que o líder precisa fazer da meditação uma prática cotidiana: “Seguidamente, o líder deve adquirir o hábito de autoavaliar-se diariamente, pedindo a Deus que lhe mostre o que deve ser mudado, sendo aperfeiçoado dia a dia” (p. 34). Para isso, a pessoa que, de fato, deseja se transformar em líder servidor – como Jesus – deve dedicar pelo menos uma hora diária. Segundo Casademunt, o líder que se guia pelo amor, busca desenvolver as qualidades citadas pelo apóstolo Paulo (I Coríntios 13, 1-13): paciência, bondade, não ter inveja, não se vangloriar, não se orgulhar, não maltratar os outros, não procurar seus próprios interesses, não se irar facilmente, não guardar rancor, ser justo, ser honesto e ser resiliente (sabe sofrer, crer, esperar e tudo suportar). Além de cultivar esses valores, deve adquirir – pela prática cotidiana – os 12 hábitos de Jesus, que chamou de atos de amor:

  1. Atos de humildade: “... (Jesus) esvaziou-se de si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” (Filipenses 2, 3-7).
  2. Atos de escuta ativa: ouvir as pessoas com atenção plena, “...o encontraram no templo, sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas” (Lucas 2, 46).
  3. Atos de conhecimento, ou de “consciência”: conhecer a Deus e o seu amor como centro de tudo. “Quando demonstramos conhecimento sobre as pessoas (...) a autoridade é concedida de maneira natural...”  (p. 57). Foi a atitude de Jesus ao ver Natanael (João 1, 47-50).
  4. Atos de empatia: Jesus demonstrou empatia ao ver Maria, chorando pela morte de seu irmão Lázaro (João 11, 32-35).
  5. Atos de cura: o líder precisa investir em sua cura, antes de querer curar os outros. Os líderes, por amor – como Jesus fez – com frequência precisam “ressuscitar” suas equipes (Marcos 5, 41-42).
  6. Atos de serviço: “...o serviço para Jesus foi sempre um meio de transmitir o Seu amor, e não um objetivo por si mesmo” (p. 74). “Todos comeram e ficaram satisfeitos...” (Mateus 14, 20).
  7. Atos de influência: “Não podemos pedir para nossos liderados fazerem coisas que nós mesmos não faríamos... nosso exemplo é a mais poderosa ferramenta de liderança...” (p. 79). Jesus lavou os pés dos discípulos (João 13, 12-15).
  8. Confiança: “...Pedro atendeu à sua ordem de lançar as redes, ainda que se mostrasse cansado e desmotivado...” (p. 81) (Lucas 5, 3-10).
  9. Atos de direção: “...deu-lhes autoridade para expulsar espíritos imundos e curar todas as doenças e enfermidades...” (Mateus 10, 1).
  10. Atos de integração: “Existem poucas coisas mais poderosas e motivadoras para alguém que se sentir parte de determinado coletivo...” (p. 86). “Assim, há muitos membros, mas um só corpo” (I Coríntios 12, 12).
  11. Atos de promoção: Jesus, pela ação do Espírito Santo, transformou seus apóstolos em lideranças destemidas. “Uma das principais funções do líder é criar outros líderes (...) é um descobridor de propósitos e promotor de dons” (p. 90).
  12. Atos de comunicação da visão: “...vão e façam discípulos de todas as nações...” (Mateus 28, 19).
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