A humanidade de Marias

Laura Ferreira 

O berço católico, através da minha avó, me proporcionou um olhar para Maria com a costumeira coroação da imagem de Nossa Senhora, a importante oração “Ave-Maria” e o terço que rezávamos todos os domingos a fim de pagar a promessa dos meus pais e avós, ensinamentos estes repassados às crianças. Essas ainda não logravam de entendimento suficiente para compreender tais manifestações. Porém, quando se trata de espiritualidade, um coração puro e sincero basta para alcançar a fé. Através de Jesus Cristo houve a valorização das crianças como referência para os que almejam o Reino dos Céus, contradizendo uma época em que as crianças não possuíam valor nem significação social.

Entre tantas manifestações de fé, os meus pensamentos não conseguiam discernir qual Maria era a mãe do Cristo. Afinal, eram tantas e, ao mesmo, tempo uma só. Mistério. Maria era a mãe de Jesus. Uma mulher que estava no céu suplicando por reverências. Uma criatura distante.

Apenas o tempo foi suficiente para que eu obtivesse outra percepção acerca de Maria. Mulher forte e ao mesmo tempo sensível. Silenciosa e sábia ao falar. As reverências ficavam a cargo dos fiéis. Ela nunca implorou por adornos nem lugares de destaque. Os nomes referentes a Maria variavam conforme aqueles que suplicavam por sua intercessão e os modos pelos quais encontravam maior presença e conforto.

Hoje, Maria honorífica simboliza a maternidade. Exemplo de mãe que soube educar e que vivenciou todos os dramas humanos de uma mãe. O desespero quando Jesus, aos 12 anos, se perdeu dos pais na ocasião da festa da Páscoa em Jerusalém. A preocupação ao observar a perseguição dos doutores da lei a seu filho, que revelava novos ensinamentos. A percepção da traição daqueles que proferiam ser discípulos e amigos de Jesus. O percurso de todo um caminho de dor ao ver seu filho flagelado. Por fim, a permanência, de pé, diante da cruz.

Marias, independente de crenças, são exemplos fidedignos de humanidade.

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