A hora da tormenta

 

Desde a primeira eleição que disputou em 1986 para deputado federal, Aécio Neves (PSDB) somente obteve vitórias até que encontrou pela frente um poste chamado Dilma Rousseff e plantado por Lula. Cenário montado, em todas as pesquisas Aécio ganharia de Dilma nos estados do Sudeste, Centro Oeste e Sul, mas havia dúvidas quanto ao Norte e Nordeste. 

Com mais de 236 mil votos, foi o deputado “constituinte” mais votado em Minas, tendo recebido em Divinópolis uma enxurrada de votos, um “escândalo” para a época: mais de 16 mil. 

Daí para frente, vitórias sequenciais, sempre o mais votado, inclusive para Senador em duas ocasiões, e daí para o Governo do Estado, também em duas ocasiões, foi apenas o resultado de sua lábia, que encobria os desacertos de conduta no Rio de Janeiro, muitos deles ligados a noitadas. Pego em blitz com a carteira vencida no Rio de Janeiro, recusou-se a fazer o teste do bafômetro e safou-se, como todo mundo se safava no Rio. 

Nada desse enredo foi enxugado do seu extenso currículo, que foi muito bem aproveitado pelo marqueteiro do PT, tirando-lhe, além da confiança do povo mineiro, boa parte de votos que teria, inclusive, no Norte e Nordeste. Não teria perdido as eleições para Dilma, não fosse o seu estado “ter-lhe negado” a vitória. 

Dois anos depois, Aécio estava novamente no Senado, trabalhando forte com as vistas voltadas para o Planalto. Nesta época, a Lava Jato já havia condenado algumas dezenas de políticos e empresários, além de coletar informações preciosas sobre políticos influentes. O nome de Aécio Neves apareceu pela primeira vez e, daí para frente, a tempestade de notícias falsas e verdadeiras desabaram sobre ele. 

Depois da história contada, as gravações com Joesley Batista irem para as revistas, jornais e rádios, o inferno astral tomou conta do Senador, que acabou recluso em sua casa, enquanto a sua irmã Andrea Neves, estava sendo mostrada presa, a caminho da Polícia Federal, onde ficou por alguns meses. 

O deputado/senador/governador nunca foi um homem mau. Não se tem notícias de perseguições políticas e, mesmo no auge da construção da Cidade Administrativa, uma obra monumental assinada por Niemayer e que custou quase R$ 1 bilhão, ele foi para as ruas, embora comentários em particular sobre superfaturamento fossem uma constante. 

A partir do momento em que os donos da JBS resolveram “entregar” os políticos, Aécio deve ter sentido que sua hora chegaria. Mesmo assim, arriscou um telefonema sugando mais R$ 2 milhões, a troco de nada, de um Joesley Batista, louco para sair das confusões, que o dedurou numa gravação inconsequente e de político amador. 

O mineiro/carioca caiu finalmente na real e somente não perdeu o mandato porque manteve os amigos no STF e a influência angariada quando foi presidente da Câmara e do Senado. Está acuado e tem certeza que também está acabado. Mas o pior ficou realmente para o final: hoje, os seus fiéis amigos simplesmente querem distância dele. Desapareceram. O futuro do agora quase ex-político é certo, pois será processado e preso, já que dificilmente conseguirá se eleger nas eleições de outubro para manter o famigerado Foro Privilegiado. 

 

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