A história dos clássicos

Batendo Bola 

 José Carlos de Oliveira  

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Apesar de o Campeonato Mineiro ter uma história de mais de cem anos (são 104 torneios já realizados), os dois maiores clubes do Estado só decidiram a competição em 21 temporadas, sendo 19 em mata-matas e duas em jogos únicos. 

Aliás, durante muitos anos, décadas, o maior duelo de Minas Gerais nem era Cruzeiro e Atlético, era o “Clássico das Multidões”, entre Coelho e Galo. O América também era protagonista e só perdeu força depois da inauguração do Mineirão, na década de 1960. 

 Nova era  

A partir de 60, com o grande time do Cruzeiro, de Tostão, Dirceu Lopes, Piazza, Raul e Cia, foi que a história começou a ser reescrita, e Cruzeiro e Atlético tomaram a frente do estadual, dividindo sempre (entre eles) os títulos. 

 Um pouco de história  

Das 21 ocasiões em que os dois grandes de Minas Gerais fizeram a decisão, a Raposa leva a melhor sobre o maior rival. Foram 12 títulos celestes (1940, 1967, 1972, 1977, 1987, 1990, 1998, 2004, 2008, 2009, 2011 e 2014) contra oito alvinegros (1954, 1962, 1976, 1985, 2000, 2007, 2013 e 2017). Na edição de 1956, o troféu foi declarado dividido entre as duas equipes pela Federação Mineira de Futebol (FMF). 

 Em jogo único  

Em duas temporadas, o estadual foi definido em jogo único, e em ambas deu Cruzeiro. Em 1972, depois de perder o título nos dois anos anteriores – o Atlético foi campeão em 1970 e o América em 1971 –, o Cruzeiro iniciou a caminhada do tetra de 72/73/74/75. 

Os dois rivais decidiram o estadual em jogo único. No tempo normal, empate em 1 a 1, com gols de Dario (de bicicleta) para o Galo e Palhinha para a Raposa. Na prorrogação, Cruzeiro 1 a 0, com gol de Palhinha. 

Já no ano de 1990, cada time venceu um turno do Campeonato Mineiro e foi preciso um jogo extra para apontar o campeão. O Cruzeiro ficou novamente com a taça, vencendo o rival por 1 a 0, com gol de Careca no segundo tempo, escorando de cabeça cobrança de escanteio feita pelo ponta Edson. 

 MANGUEIRAS BRASIL  

Prevalecendo o bom senso 

 Nos últimos anos, influenciado por diretorias que nunca se entendiam, o futebol mineiro perdeu a guerra para a violência, com parte das torcidas sendo impedida de ir aos clássicos, sob o falso pretexto de se buscar a paz, evitar confusão. Foram jogos com torcida única e muitos com 90% para um lado e apenas 10% para o outro. 

 Fim da alegria...  

...sob o falso pretexto de buscar a paz, estavam era tirando a alegria do povo, banindo as famílias dos estádios. A rivalidade é sadia e sempre foi sinônimo de festa. Tirar isto das torcidas era um atestado de burrice e incompetência. 

 Segurança  

E com um tempero a mais. Segurança sempre foi um dever e uma obrigação do Estado. São os governos que recebem nossos altos impostos e têm a obrigação de garantir o lazer da população, com segurança. Jogar a responsabilidade para cima dos clubes não é e nunca será o caminho. É uma covardia! 

 Novos tempos  

Ao que parece, esta “aberração” vai chegando ao fim. Novamente, os estádios das Minas Gerais estarão divididos entre as duas torcidas. Bastou apenas um pouco de bom senso e juízo por parte dos novos dirigentes dos dois grandes.  

Em reunião nesta semana, Wagner Pires (Cruzeiro) e Sette Câmara (Atlético) bateram o martelo, e os clássicos entre dois rivais voltarão a ser realizados no Mineirão, com a presença das duas torcidas, meio a meio. O futebol não pode perder sua essência e a festa das torcidas sempre fez parte do espetáculo. 

 Para o Brasileiro 

 Já para as duas partidas das finais do Mineiro, isto é impossível por força de regulamento, mas a partir dos dois duelos pelo Campeonato Brasileiro deste ano, e em todos os jogos futuros, o Mineirão voltará aos bons e velhos tempos, com o colorido das arquibancadas fazendo novamente parte do espetáculo. A guerra vai ser para saber quem grita mais alto e forte em apoio ao clube do coração. Quem é realmente o 12º jogador de seus times: a China Azul ou a Massa Alvinegra? 

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