A arte de vender

Augusto Fidelis

Acabo de ler um livro intitulado “Um homem e seus discípulos”, de César Romão, lançado pela Editora Academia em 2010, com 159 páginas. Trata-se de uma obra que merece ser conhecida pelo maior número de pessoas possível, uma verdadeira preciosidade, bem ao estilo de Malba Tahan, este meu patrono na cadeira 26 da Academia Divinopolitana de Letras (ADL). “Um homem e seus discípulos” é uma obra de ficção enriquecida com vasta pesquisa sobre textos bíblicos, obras de arte e sociedades secretas.

A narrativa traz à tona um personagem chamado Akim, jovem mercador árabe, rico e com grande influência junto às autoridades do seu tempo, que percorria toda a região do Oriente negociando suas mercadorias. E, por capricho do destino, Akim estava na cidade de Belém na noite em que Jesus nasceu. Foi ele quem prestou assistência ao casal Maria e José. Não só assistiu à chegada dos Reis Magos, como os avisou que Herodes havia colocado espiões em meio à caravana deles, para descobrir onde estaria o Menino Jesus.

Inclusive, Akim aparece no quadro “Adoração dos Reis Magos”, pintado por Leonardo da Vinci, que se encontra na Galleria degli Uffizi, na cidade de Florença. Porém, neste momento, o meu interesse não é dissertar sobre a obra de Cesar Romão, mas apenas apresentar a parte que, no meu entendimento, todo comerciante deveria conhecer, isto é, a arte de vender desenvolvida por Akim, narrada por ele mesmo ao rei Herodes.

Naquele tempo, sempre que Akim ia a Jerusalém, hospedava-se no palácio de Herodes, onde fazia exposição das suas mercadorias, para deleite da corte. Todas as vezes que isso acontecia, Herodes pedia a Akim que contasse uma das suas histórias. Nessa oportunidade, Akim começou dizendo: “Sei que, se hoje, eu pudesse colocar  todos os talentos do mundo em uma mesa e dividi-los igualmente entre o povo, alguns dias depois haveria pobres, miseráveis e ricos novamente. O mal de nossa época não está nas riquezas, mas no coração humano.”

Prossegue Akim: “Às vezes, tiro a minha roupa de Akim e visto como um simples comprador, e fico triste, porque os mercadores não conseguem me vender nada. Os comerciantes acreditam que o bom negócio e o lucro deles estão no mau negócio e no prejuízo de alguém. Fiquei mais rico que todos eles juntos porque sempre acreditei que meu bom negócio e meu lucro estão no bom negócio e na satisfação do meu cliente. Para eu ganhar, ninguém precisa perder. Só existe um bom negócio quando este deixa feliz seu cliente e o faz voltar. Dou atenção a todos, porque aquele que algo de mim compra está me sustentando” – palavras de Akim.

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