7 de Setembro

       Como era bom o 7 de Setembro em nossa terrinha! Vestíamos até a alma de verde e amarelo, era aquele orgulho de ser brasileiro!

       O nosso agosto começava já com todos os preparativos para a grande festa da nação, com ensaio todos os dias. A fanfarra, treinadíssima, puxava o hino nacional, e a meninada, com a letra na ponta da língua, não deixava a peteca cair.

      A escola inteira era decorada com bandeirinhas verdes e amarelas, e em todas as salas as paredes com belos cartazes sobre o tema da independência.

Até me lembro de uma vez que tínhamos que levar para a escola um cartaz sobre a independência, a entrega era na segunda-feira cedo. Passei o fim de semana só na brincadeira, e, no domingo à noite, quando passei na casa do meu primo e parceiro Gilberto e vi o cartaz dele pronto. O Gil tinha, na Casa Orion, o Zé Ferreira, que era um artista e fazia cada cartaz que só tirava 10! Ele me lembrou do trabalho. Saí igual um louco e entrei em casa com os olhos quase pulando fora, numa gritaria louca: “Mãe, tenho que fazer um cartaz do D. Pedro para amanhã!”. Primeiro, levei uns tapas, que já eram de costume, depois vi a fera da minha mãe arrumar um D. Pedro I em cima de um cavalo branco, no ato do grito do Ipiranga, lindo demais! Escreveu com uma letra bem bordada e grande: Independência ou Morte. No outro dia, munido do cartaz, entrei na sala todo-poderoso.

        E na data tão esperada, 7 de Setembro, levantávamos cedo, colocávamos o uniforme escolar bem passado e seguíamos para a praça da Catedral, onde ocorria a concentração para o tão esperado desfile.

Nesta hora, a 1º de Junho já estava lotada. De longe, já escutávamos o tiro de guerra, com seus gritos de bravura, esperando para abrir o desfile. A organização fazia o coração acelerar. Logo após, vinham as escolas, entidades filantrópicas, os clubes de serviços, órgãos públicos, a poderosa banda da Polícia Militar, os carros da Prefeitura, bombeiros, e, no fim, sempre vinha a turma do quero mais, mandando ver na criatividade.

       O que mais me chamava atenção era a vista do começo da 1º de Junho até a rua Goiás: um mar de bandeirinhas e balões verdes e amarelos. O povo lotava os passeios numa alegria sem igual, com a felicidade e o orgulho de ser brasileiro estampados no rosto!

       Como foram importantes para nosso crescimento estes momentos cívicos vividos!

      Este ano, mais uma vez, passamos batidos, sem festa, sem bandeirinhas, sem a blusa verde e amarela, sem alegria... Até quando minha querida Divinópolis ficará sem comemorações?

      E eu continuo aqui, na Tok Empreendimentos, rua Cristal, 120, Centro, vendendo esperanças.     

 

 

 

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