‘Setembro amarelo’ abre debate sobre suicídio

UFSJ promove ações; psicólogo percebe avanços no combate

Rafael Camargos

Falar sobre suicídio ainda é tabu. Por isso o mês de setembro é dedicado a tirar dúvidas sobre a doença. Pensando nisso a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) adere à campanha nacional "Setembro amarelo".

Momento de conscientização e formas de prevenção sobre os atentados contra a própria vida. Uma série de atividades abertas à comunidade acadêmica será realizada buscando a valorização da vida.

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De acordo com os indicadores do "Mapa da violência" de 2017, baseado nos dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde (MS), a taxa de suicídios entre jovens e adultos de 15 a 29 anos registrou alta de quase 10% em 12 anos no país. Em 2002, o índice era de 5,1 por 100 mil habitantes. Em 2014, a taxa cresceu para 5,6.

Iniciativa

A iniciativa é da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Proae), Pró-reitoria de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas (ProGP), do programa de extensão "Precisamos falar sobre a gente" e a Assessoria de Comunicação Social (Ascom) da UFSJ.

Serão usados como fontes os materiais "Prevenção ao suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental", do Ministério da Saúde; e "Suicídio e os desafios à psicologia", do Conselho Federal de Psicologia.

Doença

De acordo com o psicólogo Magnus Arantes, aos poucos os mitos vêm sendo quebrados. Ele explica que houve avanços. Porém, a grande mídia ainda não toca no assunto por pensar que, ao fazer isso, incentivará um aumento nos casos.

— O tema não é tratado com naturalidade, mas estamos começando a observar que o suicídio precisa ser discutido abertamente. Até como forma de prevenção e para trazer à tona questões que podem levar ao fato — diz o especialista.

Ainda segundo ele, atualmente o tema tem sido bastante discutido nas redes sociais, porque lá pode ser tratado mais abertamente. 

Cometer suicídio

São vários os fatores que podem levar ao suicídio. Dentre as causas mais comuns estão os problemas sociais e o uso de substâncias. Segundo o psicólogo, é difícil precisar o que leva cada pessoa a cometer o ato, pois é um comportamento subjetivo.

— Observamos que o suicida não tem mecanismos ou ferramentas interiores que façam com que ele consiga lidar com a dificuldade que vem enfrentando. A grande dificuldade é o desespero. Isso ocorre quando um conflito mal resolvido parece não ter solução alguma. Isso em algum momento pode fazer com que ele tome essa atitude — ressalta.

Ainda segundo Magnus, apesar de os diagnósticos serem distintos, a inabilidade em lidar com o sofrimento é a maior causa.

— Existe uma dificuldade em precisar quando a pessoa vai cometer o suicídio. Porém, alguns sintomas podem ser notados. A mudança de comportamento é uma delas. A grande maioria das pessoas que cometem suicídio tem depressão. Por isso é importante a conversa — conclui.

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