‘Passa na Praça’ tem histórias e brincadeiras

 

Jorge Guimarães

“A praça é o do povo/Como o céu é do condor”. Os versos de Castro Alves, poeta baiano do romantismo brasileiro, tornaram-se um lugar comum quando o assunto é a ocupação das praças e espaços públicos. Local democrático aberto ao público, a praça se configura como lugar onde se promove a descentralização do saber. Quando não cumpre seu papel de agregadora do conhecimento, é abandonada pela população, e resgatá-la torna-se uma tarefa árdua, que demanda enorme esforço do poder público e grande mobilização da sociedade para sua recuperação.

Projeto

Pensando nisso, o artista e agitador cultural Juvenal Bernardes vem propor um novo projeto de ocupação das praças de Divinópolis: o “Passa na Praça”.

— A ideia é ocupar as praças com atrações culturais de baixo impacto. A princípio, vamos levar histórias, livros e brincadeiras. Depois, queremos ampliar as possibilidades e trazer artistas plásticos, músicos e tudo mais que for possível levar para uma praça — define o também escritor Juvenal Bernardes.

Objetivo

Além da mobilização na praça, Juvenal tem outros objetivos.

— Quero aquecer o debate sobre a ocupação artístico-cultural de nossas praças. Aqui em Divinópolis, há um emperrado processo burocrático para se conseguir um alvará para eventos como este. É um processo lento, demorado, desgastante. Criam-se tantos empecilhos, demora-se tanto, que o empreendedor cultural acaba desanimando — detalha.

Burocracia

Integrante da Cia. Borandá, durante quatro anos Juvenal Bernardes ocupou a praça da Catedral com o projeto “Borandá no Museu”. Uma das razões para o projeto ter sido abandonado foi justamente a burocracia para conseguir o alvará.

O novo projeto quer convidar a população para este debate importante. Para Bernardes, é necessário requalificar o espaço público, atrair as famílias e, assim, afastar das praças problemas relacionados à violência, como furtos e consumo de drogas. A revitalização de uma praça devolve ao cidadão o sentimento de pertencimento.

— Parafraseando Castro Alves, eu digo que ‘A praça é do povo / como o céu do passarinho’. A ressignificação das praças com o nosso projeto vai acontecer de uma forma leve, sem grande espalhafato. Mas o cidadão tem que ter o direito a este espaço, ele precisa gostar das praças de sua cidade. É preciso devolver este espaço para as pessoas — define o artista.

Catedral 

A princípio, o ‘Passa na Praça’ ficará restrito à praça da Catedral. Mas a ideia é torná-lo itinerante e passar por outras da cidade, estimulando, assim, a descentralização das ações culturais. E a primeira apresentação será neste domingo, 7, a partir das 10h.

 

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