“Mais Médicos” inicia atendimentos

Da Redação

Pouco mais de um mês atrás, no dia 14 de novembro, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), anunciou a saída de Cuba do programa ‘Mais Médicos’. O projeto funcionava no país desde 2013, criado durante o governo de Dilma Rousseff (PT), para auxiliar regiões carentes sem atendimento médico.

Com o encerramento da parceria entre Brasil e Cuba, municípios de todo Brasil entraram em alerta para a possível falta de médicos, entre eles Divinópolis. No dia 20 de novembro, o Ministério da Saúde (MS) oficializou a abertura de um edital, convocando médicos para as mais 8,5 mil vagas desligadas em território nacional. O salário é de R$ 11.800.

Em Divinópolis

Divinópolis foi o município que mais perdeu médicos na região do Centro-Oeste. Ao todo, foram esvaziadas 18 vagas, 1/5 dos médicos da cidade. Com o edital, as vagas foram preenchidas rapidamente. Porém, houve uma desistência, então município ainda aguarda a chegada de mais um doutor.

Mesmo antes do corte de profissionais, a situação na cidade já era complicada. A falta de repasses por parte do governo do Estado tem atrasado o pagamento dos salários do quadro de profissionais da Saúde na cidade. Dos cerca de R$ 100 milhões da dívida com Divinópolis, mais de R$ 70 são destinados à área.

O programa federal é importante para os municípios, dentre as diversas razões, por oferecer aos selecionados um salário superior ao que as prefeituras conseguem ofertar. Vagas não ocupadas acabam se tornando mais atrativas aos médicos através de inventivos como esse. O secretário de Saúde, Amarildo de Sousa, ressalta a importância do programa para a cidade.

— O município faz apenas a adesão ao programa, a gente já aderiu desde 2014. Trabalhamos com 18 cubanos e eles saíram pelo término do convênio entre Cuba e a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde). Agora vieram os novos médicos, que são todos brasileiros.  O “Mais Médicos” preenche as vagas que o município não consegue, porque ele [o governo federal] oferece um salário melhor. Isso é um ponto atrativo, o salário que o Município consegue oferecer é menor – ressaltou.

Novos médicos

Para suprir as vagas deixadas em aberto em Divinópolis, 18 novos médicos chegaram. Após uma desistência, a cidade ainda aguarda mais um profissional. Ontem, 18, pela manhã, os selecionados para o “Mais Médicos” receberam um treinamento “burocrático”. Antes de iniciarem as atividades é preciso entenderem o funcionamento da estrutura administrativa no município. O secretário de Saúde explicou sobre o treinamento.

— Hoje, a gente faz uma apresentação da estrutura administrativa do município e da divisão sanitária, a estrutura de hierarquia, conhecer um pouco da burocracia, são médicos novos, então eles precisam ter esse primeiro contato com a estrutura de saúde de Divinópolis – disse Amarildo Sousa.

No treinamento, os novos funcionários passam a conhecer a realidade sanitária do município, o funcionamento dos processos burocráticos e a parte administrativa. Esse preparo é feito, pois boa parte dos selecionados é de fora da cidade.

Um problema que Divinópolis vinha enfrentando era a dificuldade de se encontrar profissionais de saúde através de processos seletivos, e por vezes sem conseguir empregar profissionais interessados no salário oferecido pela Prefeitura. Com os 18 novos médicos, cada unidade de saúde passa a contar com ao menos um médico em sua instalação.  

— O “Mais Médicos” supre essa necessidade e se torna um programa mais atrativo. Para Divinópolis, hoje, significa a possibilidade de completar as equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF), sem o problema de processo seletivo, que a gente tentou várias vezes e não conseguiu — destacou Amarildo.

A ESF tem como objetivo diminuir a sobrecarga nos hospitais, visando praticar ações de prevenção antes de a pessoa ficar doente. Esse cuidado de atenção primária realiza atendimentos como aplicação de vacinas, exames de rotina, consultas, orientações e campanhas educacionais. Os novos médicos da cidade exerceram essas funções, devendo criar vínculo com a comunidade e desenvolver os trabalhos recomendados pelo Ministério da Saúde.

 História

Por meio das redes sociais, Jair Bolsonaro anunciou a retirada de Cuba do programa “Mais Médicos”. Ele teria imposto condições para a continuidade dos médicos cubanos no projeto, como: teste de capacitação e pagamento integral dos salários aos funcionários. O governo de Cuba rejeitou as exigências e comunicou a saída do programa.

No início do ano, a participação dos cubanos na saúde brasileira tinha sido renovada por quatro anos. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 63 milhões de pessoas eram atendidas pelo programa. As principais regiões afetadas pela falta de profissionais da saúde são as carentes e aldeias indígenas, uma vez que muitos médicos acabam preferindo atuar em grandes cidades.

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