Álcool e quarentena

Preto no Branco 

Quem é acostumado com bebida alcoólica não deixou de beber nesta quarentena, isso é fato. Exemplo disso pode ser visto em bares próximos à região central de Divinópolis e, principalmente, em bairros mais afastados. Estabelecimentos com portas fechadas e cheios de gente lá dentro, outros com muitas pessoas do lado de fora aglomeradas e sem proteção. Claro que a fiscalização deixa a desejar porque não dar conta de ir a todos os locais, afinal, o que mais tem na cidade é boteco. Porém, neste caso, não sei quem é pior: quem vende ou quem vai comprar, visto que sabem claramente dos riscos que correm, além de colocar dezenas de pessoas na mesma situação.

Pedidos cresceram 

Já que não dão conta de ficar sem o “combustível”, pelo menos poderiam seguir um velho e conhecido ditado: “Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai até Maomé”. Assim, teriam a decência de pedir, usando uma palavra que se tornou tão comum nos últimos meses: delivery. Mas, não, precisam sair de casa, quando a recomendação é totalmente contrária. Ainda bem que ainda existem alguns conscientes. Pelo menos é o que mostram números apresentados em uma audiência ontem na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Os dados mostram que a venda de bebidas alcoólicas nesse período de covid-19 aumentou 38% nas distribuidoras, 27% nas lojas de conveniência e 26% nos serviços de entrega em domicílio. E o que chama atenção é que o aumento sobressai a outros produtos, como alimentação. E não é conversa de bêbado, não! É a realidade, infelizmente. 

Realidade preocupa 

Como todo vício, o do álcool preocupa as autoridades de saúde e tira o sono de muitas famílias. Para fazer frente a essa realidade, a subsecretária de Políticas Sobre Drogas do Estado, Soraya Romina, disse na audiência que a subsecretaria tem orientado, acompanhado e monitorado, de forma sistemática, a Rede Complementar de Suporte Social na Atuação ao Dependente Químico. Também tem assegurado a continuidade das atividades de orientação psicossocial desenvolvidas pelo Centro de Referência Estadual em Álcool e Outras Drogas (Cread), por meio de ferramentas de comunicação remota. Ainda bem, porque do jeito que está, se este isolamento social demorar muito ainda, uns não sobreviverão até lá, outros terão que entrar em uma luta constante contra o vício. 

Volta lenta  

Uma prova de que a bebida alcoólica está inserida em todas as classes e é consumida por pessoas de todas as idades, é o movimento considerado fraco nos restaurantes da cidade que reabriram as portas na semana passada. Uma das restrições para este retorno é exatamente a venda de qualquer bebida que contenha álcool. Este fato, aliado ao de que  apenas duas pessoas podem se sentar à mesa, foram determinantes para a pouca procura. No entanto, os proprietários “não jogam a toalha” e acreditam que o movimento mais intenso será questão de tempo. Isso aí!  

Fechamento e demissões 

Apesar do otimismo da maioria, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) acredita que um de cada cinco estabelecimentos fechados não conseguirá reabrir.  A entidade fala baseada nos 150 mil empregos perdidos somente em Minas Gerais. E não é pouca coisa. Somente em Divinópolis, conforme a Abrasel Oeste, cerca de 400 trabalhadores já perderam seus postos. Número assustador, que não somente ajuda a travar a economia, mas tira o “ganha pão” de muitos pais e mães de família. 

Torcida a favor 

Todo mundo sabe que a situação é delicada e torce muito para que volte à sua normalidade o mais rápido possível, mas, para isso, essa mesma quantidade de pessoas que conhece este drama precisa fazer sua parte. É sabido que tem muita gente por aí se aglomerando sem necessidade, promovendo festas às escondidas e não usando máscara. Para estes engraçadinhos, que só pensam nos próprios umbigos, fica o recado: isso só vai passar quando todo mundo fizer a sua parte. 

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