‘Gatos’ em água e luz dão prejuízo em Divinópolis

 Ricardo Welbert 

As empresas que fornecem água tratada e eletricidade em Divinópolis contabilizam prejuízos causados pelas ligações clandestinas em Divinópolis. Os chamados “gatos” ocorrem quando consumidores adulteram a rede de transmissão para enganar o equipamento que registra o consumo e não pagar pelos serviços. Procuradas pelo Agora, as estatais detalharam os prejuízos causados na cidade.

De acordo com a Companhia de Saneamento (Copasa), as maiores irregularidades percebidas nas redes de água são a violação de lacres dos hidrômetros e ligações indevidas nas redes de distribuição. Ao longo de todo o ano de 2016, foram registradas 320 irregularidades desses tipos em Divinópolis. No ano seguinte, o total subiu para 540 casos (aumento de 68.75%). Neste ano, já foram 100 ocorrências.

— Essas situações ilegais ocorrem em todas as regiões de Divinópolis — afirma a Copasa.

Toda vez que um fiscal percebe alguma discrepância nas informações sobre a média do consumo de água em cada imóvel, faz uma avaliação técnica para saber o que causa a diferença.

O histórico de consumo e as características do imóvel são alguns pontos de checagem. Em seguida, são adotadas medidas complementares, como a confirmação da leitura e a avaliação do estado de conservação do hidrômetro, a inspeção do padrão e a verificação na rede.

Seguindo determinação da Agência Reguladora de Água e Esgoto de Minas Gerais (Arsae-MG), quando a empresa identifica alguma irregularidade, emite um Termo de Ocorrência de Irregularidade (TOI) ao cliente diretamente no ato ou pelos Correios, com aviso de recebimento).

Caso não concorde com a avaliação, o cliente pode apresentar recurso com suas alegações no prazo de até 15 dias. Cada caso é avaliado por uma comissão técnica e administrativa da Copasa.

Se a irregularidade se repetir, o cliente fica sujeito a multa. O valor é calculado com base em critérios estabelecidos pela Arsae-MG.

A Copasa também afirma que os investimentos que faz possuem fontes específicas e que não são afetadas diretamente pelos “gatos”.

Setor elétrico 

Já a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) informou ao Agora que em 2017 fez 5.801 inspeções em Divinópolis. Dessas, 1.856 (32%) foram consideradas clandestinas. Os números das fiscalizações de 2016 e das realizadas nestes quatro primeiros meses de 2018 não foram divulgados.

De acordo com o engenheiro Armando Rocha, as fiscalizações “antigatos” ocorrem simultaneamente em todas as regiões da cidade e os resultados mostram que as fraudes ocorrem em imóveis de diferentes níveis sociais.

— É uma questão de cultura e estamos combatendo isso. O prejuízo é rateado entre a Cemig e todos os consumidores adimplentes, diminuindo os ganhos da distribuidora e encarecendo a tarifa para aqueles que usam a energia de maneira honesta — comenta.

Em todo o estado, ligações clandestinas geram prejuízo anual de aproximadamente R$ 300 milhões à companhia. A regulação permite que o consumidor tenha de ressarcir à empresa toda a energia consumida e não registrada.

De acordo com Armando Fernandes Rocha, engenheiro de planejamento energético da Cemig, a tarifa dos consumidores mineiros poderia ser até 5% mais barata se não houvesse ligações irregulares e clandestinas na área de concessão da Cemig.

— Por isso, a companhia investe em operações e possui um centro de inteligência que acompanha o consumo em tempo real de todos os seus clientes — ressalta.

Ligações irregulares e clandestinas representam a segunda maior causa de mortes com eletricidade no Brasil, atrás apenas de acidentes fatais na construção civil e manutenção predial. O risco de acidentes decorre da falta de padronização e de proteção adequada das ligações ilegais, que muitas vezes deixam os cabos de energia expostos. A população pode denunciar irregularidades pelo telefone 116.

 

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