‘Família não sabia que Edson fazia tratamento cardíaco’, confirma irmã de segurança morto

Laudo da PC apontou morte súbita como causa do óbito; resultado gerou indignação nas redes sociais

Bruno Bueno

A morte do segurança Edson Carlos Ribeiro, 42, continua repercutindo em Divinópolis. O caso voltou a ser assunto na cidade após a Polícia Civil (PC) apresentar, na última sexta-feira, 8, o laudo médico realizado pelos médicos legistas. O inquérito apontou “morte súbita” como a causa do óbito. 

Durante a apresentação dos dados, o médico-legista Marcell de Barros Duarte Pereira disse que o coração da vítima estava com um tamanho acima da média. As análises da PC também mostraram que Edson  tinha histórico de problemas cardíacos. 

O Agora entrou em contato com a irmã do segurança, Ana Paula Silva. Ela confirma que a família não tinha ciência de que Édson realizava qualquer tipo de tratamento cardíaco. 

— Nem eu nem a família sabíamos que ele fazia tratamento cardíaco. Ele não contou para nós, provavelmente por medo ou por outro motivo. Nunca foi internado por isso. A esposa, que estava com ele há muito tempo, também não sabia se ele tinha um problema  grave — disse.

 

Inquérito

Durante a divulgação do inquérito, Marcell também disse que não foram encontrados sinais de lesões causadas pelo soco-inglês que supostamente teria sido usado na agressão. Conforme a PC, somente uma das 20 testemunhas ouvidas relatou ter visto o objeto. O órgão também esclareceu ter encontrado apenas um pequeno corte no supercílio durante a análise. A suposta agressão na traqueia foi descartada.

Sem lesões ou traumas profundos, a morte súbita foi apontada como a causa do óbito. Segundo a médica legista Andressa Vinha Zauncio, nenhuma lesão apresentada pela vítima tinha potencial de causar a morte. A perícia, por meio de amostras, negou a hipótese de que o segurança tenha ingerido qualquer substância que possa ter causado a morte. O delegado de Homicídios, Marcelo Nunes Júnior, disse que a esposa de Edson negou ter conhecimento do problema cardíaco do marido.

 

Bêbado

Marcelo também afirma que Pedro Lacerda, preso suspeito de envolvimento na morte, diz que estava bêbado na ocasião e que não se lembra dos desdobramentos. No entanto, ele nega ter agredido o segurança. 

— Isso é irrelevante, porque todas as testemunhas afirmaram ter visto ele proferindo o soco — disse.

Por fim, o delegado disse que considera “forçado demais” configurar o crime como homicídio. No entanto, afirmou que o trabalho é da Justiça. A PC informou que o trabalho de tomar as decisões cabe ao Ministério Público (MP). A tipificação do caso, conforme o entendimento do juiz responsável, pode deixar de se enquadrar em lesão corporal seguida de morte para lesão leve, o que reduziria a pena a ser cumprida.

 

Advogados

O Agora entrou em contato com os advogados envolvidos no caso para ouvir os posicionamentos sobre o resultado do inquérito. O grupo de advogados que representa voluntariamente a família de Édson Carlos Ribeiro informou que está analisando o inquérito para se manifestar ao Ministério Público (MP) e que, por isso, no momento, não vai falar sobre o caso.

A reportagem tentou entrar em contato por diversas vezes com a defesa de Pedro Lacerda, William Gomes Melo. Até o fechamento desta página, às 17h de ontem, não recebeu nenhuma resposta.

 

Repercussão

O resultado do inquérito gerou enorme repercussão negativa nas redes sociais. A internauta Isabela Fonseca disse que os papéis da Justiça se inverteram na situação.

— Um absurdo. Agora estão julgando se o Édson Carlos tinha ou não problemas cardíacos? Não interessa? O que interessa é que um playboy que não sabe cumprir regras e ouvir não matou um trabalhador inocente. É isso e pronto. A justiça de Deus não falhará, eu creio! — afirmou.

Roberta Cardoso afirmou que a situação é revoltante.

 

Apoio

Mesmo com as críticas, algumas mensagens de apoio ao trabalho da Polícia Civil também foram registradas. A internauta Natalie Lima disse que a justiça deve ser feita pelo processo legal e que a PC somente fez seu papel de investigação.

— O caso realmente é revoltante, óbvio causou comoção social, mas desacreditar o trabalho de uma instituição e dos profissionais que nela atuam não está correto. A polícia fez seu trabalho, cabe ao Judiciário julgar. Todos os laudos estarão anexados ao inquérito, não cabe a nós julgar a conduta dos profissionais aqui envolvidos. Que a justiça seja feita dentro do processo legal — disse Natalie Lima.

A reportagem também tentou contato com a assessoria de comunicação da Polícia Civil para ouvir o posicionamento do órgão sobre as críticas feitas ao resultado final do inquérito. Até o fechamento da página, não obteve resposta.

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