“Falta pulso para o prefeito”, diz vereador sobre obras da ETE

 

Maria Tereza Oliveira

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) voltou a ser alvo de reclamações na Câmara. As obras da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Itapecerica, que deveriam ser entregues no fim de 2018, ainda não foram concluídas e os vereadores não perdoaram.

A reunião do prefeito Galileu Machado (MDB) com o superintendente de Operação do Centro-Oeste da Copasa, João Martins de Resende Neto, na última quarta-feira, 27, também rendeu comentários.

Alguns vereadores reclamaram da falta de agilidade das obras, dos buracos causados por ela e da “falta de pulso” do Executivo em cobrar da Copasa.

Prazo de validade vencido

O vereador Sargento Elton (Patriota) é um dos maiores críticos à empresa. Ele inclusive presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a companhia, além de convocar uma passeata contra a empresa.

Na reunião de ontem, Elton voltou a criticar a estatal e as obras da ETE.

— Mais uma vez estamos sendo motivo de chacota em todo o Estado. O prefeito demonstra falta de atitude em relação à empresa responsável pelas obras da ETE — salientou.

Ele também reclamou dos buracos na cidade e dos problemas nos serviços prestados pela Copasa.

— Não são raras as ocasiões em que bairros têm abastecimento interrompido ou que a água chega suja às residências, sem contar que o prazo para finalizar a ETE já se esgotou várias vezes — criticou.

Passeata

A passeata contra a Copasa, organizada por Elton, ocorreu debaixo de chuva, no último dia 16.  Na época, ele afirmou que a empresa faz buracos na cidade, como tatu.

— Na rua Pitangui há quatro meses tem vários buracos. Um deles tem cinco metros de profundidade e aproximadamente 20 metros de comprimento — denunciou.

Elton afirmou que as apurações da CPI apontaram para irregularidades e improbidade administrativa. De acordo com o vereador, as denúncias foram encaminhadas para o Ministério Público (MP) e Tribunal de Contas, que, segundo o parlamentar, não tomaram as medidas cabíveis.

Impactos econômicos

O vereador disse ainda que as obras demoradas têm impactado na economia da cidade.

— Tem comerciante que foi obrigado a mandar funcionários embora. Outros estão chorando porque as obras impedem o trânsito. Nem as pessoas que costumavam fazer caminhada nas ruas, com obras, têm aparecido mais — lamentou.

Para o Sargento Elton, os comércios têm fechado as portas por consequência das obras da Copasa.

— Há prédios com rachaduras por causa das obras. A população está sofrendo e a Prefeitura não toma atitude — criticou.

CPI

A insatisfação com a Copasa é antiga e, inclusive, já resultou em uma CPI. A comissão foi criada em setembro de 2017, após o município enfrentar problemas com o abastecimento de água. O requerimento foi feito pelo então vereador Cleitinho Azevedo (PPS).  Além dele, a CPI contou com Ademir Silva (PSD), Sargento Elton, Roger Viegas (Pros) e Zé Luiz da Farmácia (PMN) como membros.

Durante as investigações, foram ouvidos também moradores da cidade, representantes da Agência Reguladora de Água e Esgoto de Minas Gerais (Arsae) e da Copasa, o prefeito Galileu Machado (PMDB), e o ex-prefeito Vladimir de Faria Azevedo (PSDB).

A CPI também analisou contratos, principalmente os que dispõem diretamente sobre a execução dos serviços municipais de abastecimento de água e esgotamento sanitário.

Falta pulso

Para Sargento Elton, o Executivo deveria ser mais duro com a Copasa e cobrar dela mais responsabilidade.

— Agora era a oportunidade perfeita para o prefeito falar com a empresa que não dá mais. E, logo após, abrir uma nova licitação para que uma empresa séria e confiável possa assumir a responsabilidade do tratamento de água e esgoto de Divinópolis — sugeriu.

Agora vai?

No início do mês, em nota à imprensa, a Copasa informou ter concluído mais de 85% da estrutura da ETE Itapecerica. A expectativa é de que as obras sejam concluídas até o fim de março.

Todavia, devido aos vários atrasos, Sargento Elton não acredita que o prazo será cumprido.

— Possivelmente não vão entregar porque o prefeito aceita. Mais uma vez, quem sofre é a população. É um desleixo. O prefeito está bancando o advogado da empresa e prejudicando os divinopolitanos — criticou.

Atrasos

As obras do ETE Itapecerica tiveram início em 2016. A previsão inicial de entrega era de no mesmo ano, porém, o prazo não foi cumprido.

Foi firmado um novo acordo entre Prefeitura e Copasa, estendendo em 24 meses o prazo inicial, ou seja, a expectativa seria de que a ETE fosse entregue em dezembro passado.

Mais uma vez a Copasa não conseguiu entregar as obras no tempo programado e agora o prazo é até março.

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