“Falta mais críticas ao Estado”, diz vereador

 

Maria Tereza Oliveira

A situação dos medicamentos para pacientes com câncer continua tirando o sono dos divinopolitanos. Na semana passada foi anunciado que dois medicamentos oncológicos utilizados no tratamento de leucemia e câncer de mama não seriam ofertados para o Hospital do Câncer. Com o corte, já a partir de maio, 162 pessoas terão o tratamento interrompido na cidade. O assunto voltou a ser comentado na Câmara ontem, quando Dr. Delano (MDB) fez duras críticas ao Governo de Minas e levantou o debate.

Os dois medicamentos em desfalque são Imatinibe 100mg e Trastuzumabe 150mg. Já na semana passada, os vereadores não pouparam o governador Romeu Zema (Novo), porém, para Delano, as críticas precisam ser mais duras.

Sem críticas?

Mesmo com a enxurrada de reclamações e discursos acalorados, Delano acredita que as cobranças deveriam ser mais rígidas em relação ao governador.

— Se fosse o Galileu Machado (MDB), eu tenho certeza que todo mundo estaria caindo em cima — comparou.

Para ele, alguns colegas vereadores estão com vergonha porque fizeram campanha para Zema e agora estão calados.

Repetição

Na quinta passada, o próprio Delano foi um que abordou o assunto e criticou o governo estadual. Ele começou seu pronunciamento mostrando a foto de um rapaz de 20 anos morreu de câncer na terça passada, dia 9.

O emidebista destacou a importância de manter os medicamentos, e a gravidade que a situação coloca os pacientes que lutam contra o câncer.

Janete Aparecida (PSD) foi outra que criticou Zema e lamentou a situação. A vereadora chegou a chorar com a situação.

A parlamentar salientou que as primeiras pastas a sofrer com os cortes são sempre saúde e educação. Janete destacou que administrar um estado não é como se faz em uma empresa, e que os cortes precisam ser responsáveis.

Adair Otaviano (MDB) aproveitou o episódio para lembrar que o Governo Zema, assim como a Gestão Pimentel (PT), continua atrasando os repasses, além dos cortes que a nova administração tem feito.

Luta contra dificuldades

A superintendente geral do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), Elis Regina Guimarães, em entrevista ao Agora na semana passada, revelou as consequências que o desfalque irá causar.

Elis revelou ter notificado a Câmara, promotores de saúde, Prefeitura e a Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas (Acccom) sobre o desfalque.

— Os medicamentos vão ficar em falta até segunda ordem. São remédios muito caros, nós não temos condições de comprar para fornecer aos pacientes — alertou.

Elis ainda explicou que a cada trimestre o Estado entrega os medicamentos que serão usados pelo período de três meses.

— É uma tragédia porque efetivamente os pacientes vão parar de receber tratamento — lamentou.

Comunicado

O Agora teve acesso ao comunicado enviado pela Superintendência de Assistência Farmacêutica da SES na semana passada. O texto informa que estão autorizados os pedidos para os medicamentos oncológicos.

— Todavia, comunicamos que estamos com estoque zerado de Imatinibe 100mg e, por esse motivo, medicamentos não serão enviados. Trastuzumabe 150mg também se encontra com estoque reduzido na SES e, dessa forma, não conseguiremos atender toda a demanda dos hospitais — destaca.

O comunicado é assinado pela diretora de Medicamentos de Alto Custo, Alice Martino de Carvalho.

Governo estadual

Ontem surgiu a informação de que o desfalque seria maior do que o anunciado previamente. Por isso, a reportagem foi atrás do Governo do Estado e questionou quais os medicamentos faltarão no Hospital do Câncer, qual previsão de reposição e quais tipos das doenças são tratadas com os remédios.

Como resposta, o Estado revelou que para o atendimento aos pacientes com câncer é realizado por um programa específico, que visa ao atendimento especializado, inclusive com o fornecimento de medicamentos.

Todavia, foi explicado que as Secretarias de Estado de Saúde não fornecem medicamentos contra o câncer diretamente à população pelos seus programas de assistência farmacêutica.

— Estes são fornecidos pelos hospitais credenciados e habilitados como centros/unidades de assistência em oncologia, de acordo com a tabela de procedimentos quimioterápicos do Sistema Único de Saúde (SUS) — justifica.

Em resumo, os estabelecimentos de saúde habilitados em oncologia pelo SUS são os responsáveis pelo fornecimento de medicamentos oncológicos que neles, livremente, se padronizam, adquirem e prescrevem.

Prefeitura

O Executivo se manifestou através de uma nota na semana passada sobre a situação. De acordo com o secretário de saúde, Amarildo de Sousa, o estoque dos dois medicamentos que não serão repassados já está esgotado.

— A partir de maio, 162 pacientes divinopolitanos ficarão sem a medicação. São medicamentos especiais e os pacientes não podem comprá-los. O Estado é quem fornece — explicou Amarildo.

O secretário ainda explicou que não é viável que o Município compre os medicamentos.

— A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou a situação na quarta-feira, 10. Se o Município tiver a intenção de comprar, precisa abrir um processo licitatório que é de no mínimo de seis meses. Os pacientes estão sem alternativa— alertou.

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